Quando Mamutte subir ao palco do Cine Theatro Brasil neste sábado, 16, será para coroar uma jornada. O show de lançamento do EP 'Quase-disco' é ápice na busca do multiartista mineiro por um espetáculo formado exclusivamente de criações próprias. "Assumir a perspectiva autoral veio muito gradativamente. Vinha tentando essa construção mas, como não tinha nada gravado, impossibilitava as pessoas de conhecerem as canções", afirma.
O dom criativo já se manifestava desde o início da carreira. Em 2008, Mamutte venceu o Festival da Canção Universitária da UFMG com 'A falta que você me faz'. Um ano antes, com a banda Os Camarões, conquistou o primeiro lugar no Festival Estudantil Maestro Villa Lobos.
Mas foi em carreira solo que o jovem se consolidou intérprete, graças a um extenso circuito de apresentações por bares da capital mineira. "Você tem que atender a demanda do público que vai te assistir", ele detalha, apontando Nando Reis, Jorge Drexler, Marina Lima e Gilberto Gil como alguns de seus favoritos. O desafio nos barzinhos, explica, era imprimir autenticidade à execução de composições consagradas. "Ao interpretar as canções dos artistas que eu gosto, sempre busquei a prática interpretativa. Abomino um pouco essa coisa do cover", admite.
A experiência rendeu os shows 'Música brasileira colorida' (2010-2011) e 'El Mamutte' (2012), ainda com repertório dividido entre releituras e material próprio. Embalado por estas incursões, Mamutte se encontrou na pesquisa de música regional da cena de Mariana, Região Central do estado. Por lá, firmou parceria com Adner Sena e deu início ao projeto do que seria um single, mas acabou se transformando em mini-álbum de três faixas inéditas. "O single seria a 'Canção quase-disco', que tem quatro ou cinco ritmos brasileiros. Funciona como um meta álbum, trata do processo criativo, da polivalência do artista", ressalta.
Eu não sou dadaísta
Em estúdio, o material fluiu e ganhou mais corpo. Surgiram então 'Met(amor)fode' — um carimbó que "fala de afetividade, sobre relações" — e 'Funcool' — experimentação de funk carioca e tributo ao maculelê. O single inicial foi mantido como faixa-título do EP. "Semanticamente, eu estou versando sobre política cultural em 'Quase-disco'. Refletindo sobre a condição do artista enquanto produtor, enquanto trabalhador polivalente da cultura", diz Mamutte.
No primeiro registro profissional do artista, a escolha da cidade de Mariana integrou o processo criativo. "Fui para lá por uma questão de viabilidade, mas também pela oportunidade de trabalhar com o pessoal que pesquisa essa estética regional", ele diz. Além de Sena, o EP conta com acréscimos dos músicos locais Edson Zacca, Tiago Valentim, Mo Maie, Thiago Alcantra, Wesley Procópio, Paulo Santana e Gabriel Cafuzo. O trabalho pode ser ouvido e baixado de graça pelo site oficial do autor.
Show autoral
'Quase-disco tem apenas três faixas, mas o repertório que Mamutte estreia neste sábado abrange todas as fases na carreira do músico. "Antes do EP sair eu já tinha outras composições. Demos, as músicas que ganharam festivais", enumera. Mais recentemente, ele chegou a oferecer pela internet uma prévia do material autoral que produz no momento. "Fiz uma publicação pelo Soundcloud, que era o 'Não disco'. Tem quatro canções gravadas em casa", detalha.
Canções da banda Os Camarões, com quem ele estreiou no palco, também vão integrar o setlist. Mas com um cantor que também é artista plástico, performer e compositor, surpresas fazem parte do show. Uma delas é a presença de convidada ilustre, com quem Mamutte dividirá interpretação. A banda é formada por Rafael Bruno (guitarra), Thiago Fernandes (bateria), Daniel Ferreira (baixo) e Negãozão (percussão), antigos companheiros da carreira de Mamutte.
Mamutte
Show de lançamento do EP 'Quase-disco'. Sábado, 16 de maio, às 21h no Teatro de Câmara Cine Theatro Brasil Vallourec (Avenida Amazonas, 315 - Centro). Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada), à venda na bilheteria do teatro e no site compreingressos.com.
• 'Quase-disco' disponível gratuitamente no site oficial do artista. Versão física à venda na Acústica (Rua Fernandes Tourinho, 300 - Funcionários) e Nos fundos da Floresta (Rua Paraisópolis, 855 - Santa Tereza).