Juarez Maciel e Rafael Martini são as atrações no Quinta Instrumental

Evento acontece no Teatro Bradesco nesta quinta. Ingressos podem ser retirados a partir das 18h

por Eduardo Tristão Girão 26/03/2015 09:03

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EULER JUNIOR/EM/ D. A. PRESS
Rafael Martini (ao fundo) terá a companhia dos músicos Yuri Vellasco e Trigo Santana no palco (foto: EULER JUNIOR/EM/ D. A. PRESS)
Uma noite, dois pianistas e ideias bem diferentes na cabeça. Cada um com seus respectivos 50 minutos na noite desta quinta, Juarez Maciel e Rafael Martini, dois dos mais significativos nomes do instrumento que apareceram em Minas Gerais ultimamente, sobem ao palco do Teatro Bradesco, em Belo Horizonte, no projeto Quinta Instrumental. Enquanto Maciel faz espécie de “jazz de câmara”, Martini tem trazido para suas composições referências eletrônicas e vocalises.

Para começo de conversa, eles são de gerações diferentes: Maciel tem 55 anos; Martini, 33. O primeiro estudou na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Fundação de Educação Artística e deu prosseguimento à sua aprendizagem musical durante temporada de quase 10 anos na Alemanha. Nos anos 1990, de volta a BH, fundou o Grupo Muda, com o qual lançou discos interessantes, como 'Objeto sonoro' (2005).


Martini, por sua vez, também se formou na UFMG e acrescentou ao currículo cursos livres com Itiberê Zwarg, André Mehmari e Cliff Korman, entre outros. Atua, ainda, como arranjador, produtor e diretor musical para Kristoff Silva, Titane, Mestre Jonas e Alexandre Andrés. Participa ou participou de grupos significativos, a exemplo do Quebrapedra, Misturada Orquestra e Ramo. Em 2012, foi vencedor do prêmio BDMG Instrumental pela segunda vez e provou não ser apenas uma promessa com o consistente disco 'Motivo', seu trabalho de estreia.


As duas apresentações desta quinta são também retratos das fases que cada um atravessa. Afinal, os múltiplos interesses que passam pela cabeça de um artista modificam o que ele produz a cada momento. Juarez tem se aproximado mais e mais do jazz (improvisações vêm ganhando destaque nos shows) e mantém o gosto pelos metais (que conferem pressão extra ao som). Rafael deixa de lado formações maiores com as quais trabalhou para apostar no dinamismo de um trio aberto a experimentações.


No caso deste último, estarão no palco ao seu lado Yuri Vellasco (bateria) e Trigo Santana (baixo acústico). “Toco vários pianos elétricos, com timbres e processamentos eletrônicos que uso em músicas antigas minhas e em novas que foram escritas pensando nessa formação. Trigo usa só baixo acústico, mas com pedais. O som está eletroacústico. Estou gostando de usar a voz como instrumento, muitas vezes loopada ou processada”, diz ele. Estão no repertório as peças 'Sono' e 'Baião do caminhar' (do álbum 'Motivo') e as novas 'Casa azul', 'Tema pro João' e 'Zemba pro mestre'.

GALÁXIA Para Juarez, cuja música incorpora elementos tão distintos quanto minimalismo e música oriental, sua entrada no jazz tem acontecido pela porta dos fundos. “Não direciono minha carreira para o jazz, meu trabalho transita numa outra galáxia. Aliás, acho que é por isso que há uma turma aqui curtindo o que faço. Vejo tudo como território aberto e não faço jazz norte-americano ou europeu. O artista precisa ser fiel ao que é natural dele”, resume.


Seu grupo, ainda chamado Muda, é bem maior e conta com Serginho Silva (percussão), Maná Moraes (baixo acústico), Leonardo Brasilino (trombone), Breno Mendonça (saxofone tenor), Juventino Dias (trumpete e flugelhorn), Eduardo Campos (bateria) e Samy Erick (guitarra). “Essa formação é um pequeno porto e existem muitas possibilidades de trabalhar estilos, timbres e transitar sem ficar preso”, diz Juarez. Eles tocarão, sobretudo, composições do trabalho mais recente, 'Jazzidas' (2011).

 

Projeto é `primo` do Música de Domingo

 

O projeto Quinta Instrumental, que começa hoje e tem mais duas edições previstas no Teatro Bradesco (ambas no mês que vem), foi idealizado por Rita Cupertino. Não por acaso, ela foi a responsável por outro projeto do gênero (apesar de não ter sido a criadora), o Música de Domingo, realizado no Teatro Francisco Nunes, em Belo Horizonte, durante 20 anos, sem interrupções. Começou em 1989 e terminou em 2009, realizado pela prefeitura.

Shows memoráveis foram realizados ali, como o do multi-instrumentista Egberto Gismonti, que teve de preparar sessão extra. “Era ao lado da feira, de graça e com tudo quanto é tipo de gente. Isso formava público e me transformou como músico. Lembro-me de ver shows do projeto aos 15 anos. O primeiro foi do Paulo Moura com dois percussionistas, algo surreal. Aliás, fiz o primeiro show com meu nome por meio do Música de Domingo”, conta o pianista Rafael Martini.

“O Quinta Instrumental, na verdade, poderia ser um revival do Música de Domingo caso tivesse garantia de uma programação anual, com execução quinzenal. Além disso, essa edição só tem artistas locais. Entrarei novamente com o projeto na Lei Municipal de Incentivo à Cultura para realizá-lo no ano que vem. O projeto atual foi apresentado na lei municipal em 2012 e só agora pôde ser realizado. Como eu tinha uma lista de uns 20 músicos locais prospectados, sinto como se essa edição fosse uma amostra do que está por vir”, relata Rita.

Se tiver “pique”, revela a produtora cultural, pretende realizar, ainda, projeto internacional de música instrumental – para o qual conseguiu aprovação nas leis federal e estadual, mas sem patrocínio. “Terei de entrar novamente com ele nas leis. Quem sabe uma boa repercussão agora não faz a Fundação Municipal de Cultura retomar esse programa?”, questiona.

 

VEM AÍ
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Quinta Instrumental
Shows de Juarez Maciel e Rafael Martini. Quinta, às 20h, no Teatro Bradesco (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Informações: (31) 3516-1360. Entrada franca (retirada dos ingressos a partir das 18h).

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