Cinquenta atrações internacionais passaram por Belo Horizonte este ano. É um número bastante representativo, mas com um perfil diferente de 2013. Comparativamente, a capital mineira recebeu menos atrações de grande porte. O Mineirão, por exemplo, só teve shows realizados em sua esplanada. Produtores alegam que foi um ano complicado, com Copa do Mundo e eleições.
Fato é que outras capitais receberam Metallica, Elton John, Arcade Fire, Miley Cyrus, One Direction e Paul McCartney (em 2014, ele pôs mais duas estrelas em seu mapa do Brasil, Espírito Santo e Distrito Federal).
Mas houve bons momentos em BH. Dois festivais jovens reuniram grandes plateias na Pampulha (Planeta Brasil e Circuito Banco do Brasil); os públicos do progressivo e do metal contaram com uma enxurrada de atrações; e os jazzistas puderam ver o papa do vocalise Bobby McFerrin e o ator-cantor britânico Hugh “House” Laurie. Os teens tiveram a chance de ouvir alguns ídolos – alguns já crescidos (como a agora balzaquiana Avril Lavigne) e outros mais jovens, como Demi Lovato. Até mesmo o astro maior da canção romântica latina, Julio Iglesias, deu as graças na capital.
Na área de MPB, o Natura Musical se destacou, com nomes de peso em praça pública, de graça. A Virada Cultural de BH, também ao ar livre, atraiu 400 mil pessoas em agosto. Em ambientes fechados, houve shows bem concorridos, como o da Banda do Mar, do Racionais MCs e de Zeca Baleiro com Zélia Duncan. O novo ano bate à porta com a confirmação de nomes importantes já no primeiro semestre: David Guetta e Foo Fighters (janeiro), Slash (março) e Kiss (abril).
Astros
Belo Horizonte sempre tratou muito bem o progressivo. Este ano, houve uma avalanche de artistas do gênero na cidade, todos reincidentes. A temporada teve início em março, quando Alan Parsons se apresentou no Palácio das Artes, 17 anos depois de sua primeira aparição em BH. Em abril, os holandeses do Focus, mais frequentes por aqui, tocaram no Sesc Palladium. Maio assistiu ao Marillion no Minascentro. Já no segundo semestre, com intervalos pequenos, houve shows de Jon Anderson (em outubro, no Sesc Palladium), Roger Hodgson (em outubro, o ex-vocalista do Supertramp fez sua maior apresentação na cidade, com ingressos esgotados, no Parque das Mangabeiras) e Rick Wakeman (que levou sua Viagem ao centro da Terra ao Palácio das Artes, em 1º de novembro).
Tudo de graça
Em agosto, 400 mil pessoas participaram da Virada Cultural de BH, que levou dezenas de artistas a praças, museus e espaços artísticos. Tudo de graça. Na madrugada do dia 31, a cidade não dormiu. Toquinho, Raimundos, Diogo Nogueira, Tom Zé, Paula Fernandes, Chico Amaral, Lô Borges, Aline Calixto e Flávio Renegado, entre outros, animaram a multidão.
MPB
Há quatro anos tendo Belo Horizonte como único palco, o Natura Musical vem se tornando, a cada edição, o principal espaço para encontros de peso da música brasileira. Com entrada franca, a edição de setembro contou com três palcos, um deles, na Praça da Liberdade, dedicado ao público infantil. A Praça da Estação reuniu Fernanda Takai e Samuel Rosa, Elba Ramalho e Mariana Aydar e Arnaldo Antunes e Marisa Monte, o show mais aguardado da noite. Ney Matogrosso apresentou o impecável Atento aos sinais em praça pública, tal como foi criado para o teatro. Cinquenta mil pessoas participaram das 12 horas de programação, que levou 15 shows.
Rap em alta
A turnê comemorativa dos 25 anos dos Racionais MCs chegou a BH em agosto, no Chevrolet Hall. A mais importante formação de rap do país reuniu manos e minas de todas as regiões da cidade para uma apresentação com ingressos esgotados. Cenário de responsa, convidados especiais (Helião e Lino Krizz, entre outros) e repertório que passeou por sua história marcaram a noite. Em novembro, depois do hiato de 12 anos, o grupo lançou um novo álbum, Cores & valores. Na mesma semana, o grupo voltou a BH. Só cantou as antigas, mas promete as novidades para 16 de janeiro, no Bailão de Venda Nova. Vida longa (e “loka”) aos Racionais.
Esplanada
Com a ausência de megashows, o gramado do Mineirão não recebeu atrações internacionais de peso em 2014. Mas a esplanada do estádio se firmou como opção para eventos de porte um pouco menor. Em março, o Planeta Brasil, que já teve diferentes versões, fez sua maior edição, tendo o Guns’n’Roses como headliner. Já em outubro, o Circuito Banco do Brasil reuniu Linkin Park, Panic! At the Disco e Titãs numa edição correta, muito superior à problemática versão de 2013, no Megaspace. Ambos buscam ir além da música, investindo em sustentabilidade e esportes radicais.
Teens
Hoje ocupando o posto maior de cantora pop barraqueira que abusa do apelo sexual, Miley Cyrus veio pela primeira vez ao Brasil depois da virada na carreira. Em setembro, no Rio e em São Paulo, a ex-musa Disney levou seu cirquinho cheio de apelos sensuais para uma plateia ávida, um tanto histérica, que, atendendo aos pedidos da cantora, até emendou um beijaço. Bem mais comportado, outra estrela teen, Demi Lovato, também fez turnê no país. Em maio, ela fez show em BH para um público apaixonado – ingressos para o Chevrolet Hall haviam esgotado no fim de 2013.