Quando esteve no Brasil, em março de 2012, para quatro apresentações, um dos shows foi em Belo Horizonte, Joe Cocker, então com 67 anos, afirmou, em entrevista ao Estado de Minas, que se espelhava em B.B. King – o velho bluesman, com mais de 80 anos, não havia parado de fazer shows. Uma longa batalha contra um câncer de pulmão impediu Cocker de realizar esse tento. “Sem dúvidas, ele foi o maior cantor de rock e soul já saído da Grã-Bretanha”, informou seu agente, Barrie Marshall, em um comunicado ontem que anunciava a morte de Cocker aos 70 anos – nasceu em 20 de maio de 1944.
Seu último álbum, o duplo 'Fire it up: Live', foi lançado há pouco mais de um ano. O trabalho veio se somar a outras duas dezenas de discos, lançados a partir dos anos 1960, que o fizeram protagonizar incansáveis turnês. Vencedor do Grammy em 1983 pela canção de Up were we belong, Cocker ficou mundialmente conhecido por meio de versões impecáveis das músicas 'You are so beautiful', 'Unchain my heart', 'You can leave your hat on' e, principalmente, 'With a little help from my friends'.
Sua carreira foi forjada em cima de uma garganta poderosa, uma performance de palco inspirada, que não economizava nos gestos e uma capacidade incrível de tornar seus sucessos dos outros. Foi esse lado “ladrão” que fez com que ele roubasse o standard dos Beatles, registrada um ano depois da gravação de Ringo Starr. Ontem, o baterista lamentou a morte do amigo. “Adeus, e Deus o abençoe, Joe Cocker. Paz e amor”, escreveu Ringo, no Twitter. Não há como negar que a visceral interpretação de Cocker para With a little help é um dos momentos mais lembrados do lendário Festival de Woodstock, entre 15 e 18 de agosto de 1969.
Entretanto, Cocker não encontrou o tom certo de primeira. Nascido em Sheffield, interior da Inglaterra, o cantor branco com vozeirão de negro do Sul dos Estados Unidos tentou, sob a alcunha de Vance Arnold, uma carreira na música pop. A história não colou, tanto que foi nos pubs ingleses que ele, já assumindo o próprio nome, decidiu cantar rock e soul. A primeira gravação foi justamente a de 'With a little help'. Seu segundo hit foi novamente uma regravação, 'Delta lady', de Leon Russell, também seu diretor musical.
Vieram os anos 1970 e, com eles, uma roda-viva de shows e excessos. É famosa, por exemplo, a participação de Cocker no programa 'Saturday night live' (1975), em que, ao cantar 'Feelin’ all right', John Belushi aparece em cena, vestido tal e qual o cantor, imitando-o à perfeição. Naquele período, Cocker teve inúmeros problemas com álcool, tanto no palco quanto fora dele. A voz sofreu, mas ele continuou na ativa. Gravou, nos anos subsequentes, algumas canções que tiveram repercussão, como 'Up where we belong'.
“No ponto que estou na carreira e na vida, penso que já gravei todos os covers que tinha que gravar. Não existe, por ora, nenhuma canção que desejo fazer uma versão”, disse ele ao EM em 2012. Naquela época, ele fazia shows do álbum 'Hard knocks', que trazia somente canções autorais. Anteriormente, o cantor esteve por duas ocasiões no país: em 1977 e em 1991, quando participou do Rock in Rio 2. Na última aparição no Brasil, mostrou que havia se recuperado. O vozeirão rascante deu conta de tudo naquele 31 de março no Chevrolet Hall, inclusive dos gritos que se tornaram sua marca registrada – coube ainda um pulinho ensaiadíssimo, em timing perfeito com a banda, que marcou o final de cada música.
O melhor de sua discografia
» With a little help from my friends (1969)
» Joe Cocker! (1969)
» Mad dogs & Englishmen (1970)
» Joe Cocker (1972)
» I can stand a little rain (1974)
» Jamaica say you will (1975)
» Stingray (1976)
» Greatest hits (1977)
» Luxury you can Afford (1978)
» Sheffield steel (1982)
» Civilized man (1984)
» Cocker (1986)
» Unchain my heart (1987)
» One night of sin (1989)
» Joe Cocker Live (1990)
» Night Calls (1992)
» The best of Joe Cocker (1993)
» Have a little faith (1994)
» The long voyage home (1995)
» Organic (1996)
» Across from midnight (1997)
» Greatest hits (1998)
» No ordinary world (1999)
» Respect yourself (2002)
» Heart & Soul (2005)
» Hymn for my soul (2007)
» Hard knocks (2010)
» Fire it up: live (2012)
Seu último álbum, o duplo 'Fire it up: Live', foi lançado há pouco mais de um ano. O trabalho veio se somar a outras duas dezenas de discos, lançados a partir dos anos 1960, que o fizeram protagonizar incansáveis turnês. Vencedor do Grammy em 1983 pela canção de Up were we belong, Cocker ficou mundialmente conhecido por meio de versões impecáveis das músicas 'You are so beautiful', 'Unchain my heart', 'You can leave your hat on' e, principalmente, 'With a little help from my friends'.
Sua carreira foi forjada em cima de uma garganta poderosa, uma performance de palco inspirada, que não economizava nos gestos e uma capacidade incrível de tornar seus sucessos dos outros. Foi esse lado “ladrão” que fez com que ele roubasse o standard dos Beatles, registrada um ano depois da gravação de Ringo Starr. Ontem, o baterista lamentou a morte do amigo. “Adeus, e Deus o abençoe, Joe Cocker. Paz e amor”, escreveu Ringo, no Twitter. Não há como negar que a visceral interpretação de Cocker para With a little help é um dos momentos mais lembrados do lendário Festival de Woodstock, entre 15 e 18 de agosto de 1969.
Entretanto, Cocker não encontrou o tom certo de primeira. Nascido em Sheffield, interior da Inglaterra, o cantor branco com vozeirão de negro do Sul dos Estados Unidos tentou, sob a alcunha de Vance Arnold, uma carreira na música pop. A história não colou, tanto que foi nos pubs ingleses que ele, já assumindo o próprio nome, decidiu cantar rock e soul. A primeira gravação foi justamente a de 'With a little help'. Seu segundo hit foi novamente uma regravação, 'Delta lady', de Leon Russell, também seu diretor musical.
Vieram os anos 1970 e, com eles, uma roda-viva de shows e excessos. É famosa, por exemplo, a participação de Cocker no programa 'Saturday night live' (1975), em que, ao cantar 'Feelin’ all right', John Belushi aparece em cena, vestido tal e qual o cantor, imitando-o à perfeição. Naquele período, Cocker teve inúmeros problemas com álcool, tanto no palco quanto fora dele. A voz sofreu, mas ele continuou na ativa. Gravou, nos anos subsequentes, algumas canções que tiveram repercussão, como 'Up where we belong'.
“No ponto que estou na carreira e na vida, penso que já gravei todos os covers que tinha que gravar. Não existe, por ora, nenhuma canção que desejo fazer uma versão”, disse ele ao EM em 2012. Naquela época, ele fazia shows do álbum 'Hard knocks', que trazia somente canções autorais. Anteriormente, o cantor esteve por duas ocasiões no país: em 1977 e em 1991, quando participou do Rock in Rio 2. Na última aparição no Brasil, mostrou que havia se recuperado. O vozeirão rascante deu conta de tudo naquele 31 de março no Chevrolet Hall, inclusive dos gritos que se tornaram sua marca registrada – coube ainda um pulinho ensaiadíssimo, em timing perfeito com a banda, que marcou o final de cada música.
O melhor de sua discografia
» With a little help from my friends (1969)
» Joe Cocker! (1969)
» Mad dogs & Englishmen (1970)
» Joe Cocker (1972)
» I can stand a little rain (1974)
» Jamaica say you will (1975)
» Stingray (1976)
» Greatest hits (1977)
» Luxury you can Afford (1978)
» Sheffield steel (1982)
» Civilized man (1984)
» Cocker (1986)
» Unchain my heart (1987)
» One night of sin (1989)
» Joe Cocker Live (1990)
» Night Calls (1992)
» The best of Joe Cocker (1993)
» Have a little faith (1994)
» The long voyage home (1995)
» Organic (1996)
» Across from midnight (1997)
» Greatest hits (1998)
» No ordinary world (1999)
» Respect yourself (2002)
» Heart & Soul (2005)
» Hymn for my soul (2007)
» Hard knocks (2010)
» Fire it up: live (2012)