Ainda que boa parte de sua carreira tenha ocorrido lá fora, o disco é uma produção quase 100% brasileira. Produzido pelo conterrâneo Luisão Pereira, o trabalho foi gravado entre Salvador, Lisboa e Rio de Janeiro. Bem-acompanhado, Bruno reúne no disco nomes que dispensam apresentações. Amigo de Mallu Magalhães, mandou para ela, por e-mail, o convite para que dividisse com ele a canção Sambolento. Ela não só aceitou de imediato como se propôs a fazer as ilustrações. Criou pelo menos 50 desenhos, que estão na capa e no encarte.
MADAME SATÃ
“Dei a ela a ideia para que fizesse desenhos meio Madame Satã misturado com Marcel Duchamps. O primeiro que ela me enviou virou a capa”, conta Bruno. A banda que o acompanha traz, entre outros, Domenico Lancellotti na bateria e Bruno di Lullo (da banda Tono) no baixo. “Os dois estavam em turnê com a Gal (no show Recanto), então tivemos que esperar para poder gravar as bases”, explica.
Para chegar às 10 canções do repertório, Bruno e Luisão trabalharam sobre material extenso. A partir de um incidente marcante – “tomei remédios para dormir misturado com outras substâncias, o que me deu uma paranoia achando que iria morrer, ainda mais longe de casa” –, ele compôs uma centena de músicas. “Cento e três, para ser mais específico”, revela.
“Sempre quis fazer um disco de samba e bossa nova. Quando vi, tudo o que escrevia era nesses gêneros”, conta ele. Outro fator norteou a seleção do repertório: temas versavam sobre a boemia e as dificuldades de morar longe das origens. Com voz delicada, em tom bastante agudo, Bruno desfia canções que versam sobre o mar, o carnaval e a noite, sempre de maneira suave.
Com um disco bem brasileiro, Bruno está em Toronto, mas em janeiro retorna ao Brasil, onde inicia turnê com a banda formada por Domenico Lancellotti, Di Lullo e Bem Gil. Desta vez, não tem data para ir embora. Pretende ficar por aqui até rodar boa parte do país.