Aos 9 anos, Ruben di Souza era um garoto que sabia três notas: ré, sol e lá maior. Filho de pastor da Assembleia de Deus, com mãe regente do coral da igreja, convivia naturalmente com a música. Pois num dia de culto em Araxá, onde vivia com a família, um violonista faltou. Sem pensar duas vezes, seu pai o colocou para tocar com a banda para uma plateia de 5 mil pessoas. As mesmas notas que o menino tocava sozinho em seu quarto ecoaram numa igreja lotada, o que o fez perceber, pela primeira vez, o poder da música. Hoje, aos 40 anos, ele continua fazendo o mesmo. Duas vezes por semana, sempre às quintas e aos domingos, pega seu contrabaixo e toca em sua igreja, a Bola de Neve. São esses os momentos em que ele deixa o lado produtor de lado para que o músico possa tocar.
O meio evangélico o conhece muito bem.
Pois assim foi. Com Tony Rey, Rubinho tocou dois anos, primeiramente na banda do extinto Cassino Dancing Show e depois como integrante da banda do crooner. “Naquele momento, entendi que Deus me deixou ir para a música secular.” E assim foi. Rubinho tocou na banda de muita gente da cidade.
Foi Henrique Portugal, tecladista do Skank e sócio de Rubinho no estúdio Nosso Som, quem o estimulou a produzir artistas gospel. Acabou a fase secular, por assim dizer, com César Menotti e Fabiano. Rubinho foi diretor musical e arranjador da dupla, rodando o Brasil com 200 shows em um ano, que resultaram no DVD Retrato. Produziu o hit Ciumenta também. Na mesma época, final da década passada, começou a trabalhar com André Valadão. O divisor de águas foi o álbum e DVD Fé, de André Valadão, gravado em show que reuniu 80 mil pessoas em Vitória. Desde então, só se dedica ao gospel.
A igreja é o principal canal para o gospel. “Se você pensar que uma pessoa vai a três cultos por semana e que em cada um deles são tocadas cinco músicas, são 15 só numa semana.
Galã Gui Rebustini, cantor de 26 anos com pinta de galã, é hoje um dos principais nomes do gospel brasileiro. Rubinho produziu seus dois álbuns. O primeiro foi gravado no estúdio Blackbird, em Nashville, mesmo cenário que já registrou álbuns do Pearl Jam, Rush, Kings of Leon, R.E.M., Red Hot Chilli Peppers, Bruce Springsteen, entre vários outros do primeiro time da música pop.
“A música produzida hoje é moderna, tenho feito muitos discos com forte influência na produção americana, que é fonte geradora de várias canções. No culto da minha igreja, por exemplo, tem rock e reggae, além de momentos profundos de adoração.” E quando esses têm a mão do próprio Rubinho, o culto fica ainda melhor. “Estava outro dia no Rio de Janeiro e resolvi sair do hotel e ir para uma igreja. No louvor, cantaram sete músicas.