O disco de estreia da cantora, compositora, arranjadora e preparadora vocal Tarita de Souza é para o público que gosta de Ceumar, Mônica Salmaso, Titane, Consuelo de Paula e outras vozes que seguem a linha mestra da música brasileira sem modernices nem flertes com falsas revoluções. Formada em música pela Universidade de São Paulo (USP), ela rege corais e faz preparação vocal para teatro e shows. Cantou em espetáculos de Zeca Baleiro e Antônio Nóbrega. Fez trilhas para exposições, trabalha com projeções e cenários, atuou em espetáculos como uma montagem de 'Ópera do malandro', de Chico Buarque, e 'Lampião e Lancelote', de Bráulio Tavares.
Apresentado por Egberto Gismonti, que ressalta a brasilidade e a capacidade de atingir quem gosta daquilo que melhor nos representa, 'A árvore e o vento' é coprodução da cantora e do compositor e violonista Mário Gil e conta com um econômico e significativo grupo de músicos que inclui a flauta de Toninho Carrasqueira, o baixo de Ney Dias, o violão de Daniel Conti, o piano de Thais Nicodemo e André Mehmari (na instrumental 'Girando'), a viola caipira do mestre Ivan Vilela e a percussão de Kabé Pinheiro, entre outros afinados artesãos das notas, com a voz de Renato Braz num dueto em uma das melhores faixas, 'Dedal', dela e Zé Modesto.
O repertório equilibra bem a porção intérprete e a veia autoral. Das 10 músicas, cinco são dela, duas de autores da nova geração (Fred Martins e Elder Costa) e o restante obras inspiradas nem sempre lembradas pelas cantoras à procura de material. De Ivan Lins, vêm 'Canavial' e 'D. Benta'.
E de Gilberto Gil ela recupera 'Viramundo', das mais sertanejas da vasta obra do baiano: “Sou viramundo virado/ nas rondas da maravilha/ cortando a faca e facão/ os desatinos da vida”. A décima primeira é o poema “O carnaval e o vento”, de Jacira de Souza, espécie de abertura de portas para o Canavial, em que ela proclama/declama: “Tenho o dom de abrir portas e alçar mundos/ e ninguém pode sequer desconfiar”.
Poesia
Como segue a linha de antigamente, em que música precisava ter melodia, letra, ritmo e harmonia, o disco valoriza letras bem construídas, com dois temas em que as palavras possuem força especial. No 'Poema velho', de Fred Martins e Manoel Gomes, a idade das coisas ganha valor diferenciado: “Velhos lagos nos invadem/ porque as nuvens são velhas/ mais velha é a cumplicidade/ porque o amor é tão velho/ é velho que nem a ira”.
E em 'Descontrolar', parceria dela com Zé Modesto, o discurso amoroso ganha ares sábios, entre fronteiras e “a tortidão sutil dos desviveres”: “Se nos ares insistires/ perfumares meus pomares/ esse meu coração/ tão cumpridor de convenções/ ligeiro vai caronar já já”. A poesia agradece e segue em frente, entre acordes e assovios.
Apresentado por Egberto Gismonti, que ressalta a brasilidade e a capacidade de atingir quem gosta daquilo que melhor nos representa, 'A árvore e o vento' é coprodução da cantora e do compositor e violonista Mário Gil e conta com um econômico e significativo grupo de músicos que inclui a flauta de Toninho Carrasqueira, o baixo de Ney Dias, o violão de Daniel Conti, o piano de Thais Nicodemo e André Mehmari (na instrumental 'Girando'), a viola caipira do mestre Ivan Vilela e a percussão de Kabé Pinheiro, entre outros afinados artesãos das notas, com a voz de Renato Braz num dueto em uma das melhores faixas, 'Dedal', dela e Zé Modesto.
O repertório equilibra bem a porção intérprete e a veia autoral. Das 10 músicas, cinco são dela, duas de autores da nova geração (Fred Martins e Elder Costa) e o restante obras inspiradas nem sempre lembradas pelas cantoras à procura de material. De Ivan Lins, vêm 'Canavial' e 'D. Benta'.
E de Gilberto Gil ela recupera 'Viramundo', das mais sertanejas da vasta obra do baiano: “Sou viramundo virado/ nas rondas da maravilha/ cortando a faca e facão/ os desatinos da vida”. A décima primeira é o poema “O carnaval e o vento”, de Jacira de Souza, espécie de abertura de portas para o Canavial, em que ela proclama/declama: “Tenho o dom de abrir portas e alçar mundos/ e ninguém pode sequer desconfiar”.
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Como segue a linha de antigamente, em que música precisava ter melodia, letra, ritmo e harmonia, o disco valoriza letras bem construídas, com dois temas em que as palavras possuem força especial. No 'Poema velho', de Fred Martins e Manoel Gomes, a idade das coisas ganha valor diferenciado: “Velhos lagos nos invadem/ porque as nuvens são velhas/ mais velha é a cumplicidade/ porque o amor é tão velho/ é velho que nem a ira”.
E em 'Descontrolar', parceria dela com Zé Modesto, o discurso amoroso ganha ares sábios, entre fronteiras e “a tortidão sutil dos desviveres”: “Se nos ares insistires/ perfumares meus pomares/ esse meu coração/ tão cumpridor de convenções/ ligeiro vai caronar já já”. A poesia agradece e segue em frente, entre acordes e assovios.