Luiz Melodia observa que tem curtido tanto os arranjos para cada música – “participei de todos” – que nem teve tempo para gostar mais de uma ou de outra canção. Mas ouve com prazer Céu cantando 'Dor de carnaval', composta por ele. “Na música só cabia a voz dela”, afirma. Outro convidado é o filho Mahal Reis que divide com o pai 'Maracangalha', homenagem a Dorival Caymmi, com levada de rap. “Temos jovens cantores, compositores e instrumentistas muito bons. Admiro a ousadia deles. Quando comecei também era assim”, observa.
'Zerima' é homenagem à irmã, morta recentemente. E 'Amusicadonicholas', faixa instrumental, foi escrita para o neto. “Fiz uma composição bem delicada, criança é algo especial neste nosso mundo”, observa o avó coruja. O novo disco é o 14º do cantor e compositor. “Não sou perverso comigo mesmo a ponto de gravar um disco todo ano”, afirma, dizendo que o intervalo entre os trabalhos (o anterior tem cinco anos) é bom. Até porque gosta que os projetos fluam com naturalidade. “Já estou pensando em novo trabalho, só com suingue, de balanço”, revela.
Essencial, na música que faz, aponta Luiz Melodia, tem sido a conjugação de bom senso e bom gosto. De um lado, explica, está o fato de se dedicar a projetos que tem condições de realizar. De outro, sempre ter tido bons compositores ao lado dele. “A começar pelo meu pai Oswaldo Melodia”, registra. De quem herdou, além do sobrenome artístico, o gosto pelo canto. Admira, entre os compositores que conheceu pessoalmente, Zé Keti, Moreira da Silva, Ismael Silva. “Acho Cartola genial, tem porte alto de sensibilidade e autenticidade”, afirma. Não se esquece de Tom Jobim, para ele, outro gênio.
“Criar uma linha melódica é ir a outro mundo”
>> Bossa nossa – “Apelidei o disco com esse nome pela variedade de sons. Tem samba, jazz, rap, música instrumental, funk etc. Nossa música é assim: tabuleiro à nossa disposição.”
>> Cantar ou compor? – “Gosto das duas coisas. Quando você compõe está criando algo novo e criar uma linha melódica é ir a outro mundo. Gosto muito de cantar, me deleito pois é muito prazeroso, um encanto que me deixa possuído.”
>> Cantores que admira – “São tantos. Miltinho, pela voz e repertório. Sempre achei Cássia Eller poderosíssima, cantava de tudo e bem. E gosto da voz da Céu. Cantar bem é uma coisa genial. Quando Amy Winehouse morreu, chorei. Arte me emociona. Ainda bem que Deus me fez compositor pois tenho como passar mágoas para as letras.”
Luiz Melodia
Show de lançamento do disco 'Zerima'. Sábado, às 21h. Sesc Palladium, Avenida Augusto de Lima, 420, Centro, (31) 3270-2968. Ingressos: Plateia 1: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada); plateia 2: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia-entrada); plateia: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada).
Canções inéditas, regravações e clássicos. É o que promete o cantor e compositor Luiz Melodia, que faz show neste sábado, às 21h, no Sesc Palladium. Ele chega acompanhado de banda para apresentar o 14º disco, que leva o nome de 'Zerima'. O CD é também chamado pelo artista de 'Bossa nossa', pela diversidade de ritmos, para ele, marca da música popular brasileira. “O Brasil é e sempre foi celeiro musical”, garante. Como em tudo o que fez até agora é trabalho movido pelo prazer de compor e de cantar.