O Teatro Alterosa comemora seus 21 anos com a primeira edição do Festival Viola Brasil. De hoje a sábado, o espaço pertencente aos Diários Associados vai receber experts no instrumento. Além de dois dos principais violeiros em atividade em Belo Horizonte – Chico Lobo, de São João del-Rei, e Pereira da Viola, de São Julião –, o evento traz à capital o paulista Gabriel Sater, filho do pantaneiro Almir Sater, e o mineiro Roberto Corrêa, de Campina Verde.
Enquanto Gabriel Sater representa o apreço da juventude pela viola, Roberto Corrêa é responsável por aproximar o instrumento do universo acadêmico. Ele concluiu doutorado na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP).
Curador do festival, Chico Lobo diz que a proposta é valorizar a viola em um local que abriu espaço para artistas dedicados ao instrumento. “De Pena Branca e Xavantinho ao lançamento do meu primeiro disco ('No braço dessa viola', de 1996), passando por Renato Andrade, o Teatro Alterosa sempre nos recebeu muito bem”, afirma.
Chico já prepara outro evento de violeiros em BH. Viabilizado com recursos do Fundo Municipal de Cultura (FMC), o 1º Encontro Internacional de Viola de Arame, que já conta com três edições em Portugal, será realizado em setembro de 2015, com atrações nacionais e internacionais.
“A viola brasileira descende diretamente da viola de arame portuguesa, que desembarcou por aqui nas primeiras caravelas”, explica o instrumentista.
Natal Em novembro, Chico Lobo vai lançar o CD 'Folias de um Natal brasileiro' (Kuarup Discos), que ele acaba de gravar ao lado do maestro e pianista Gilson Peranzzetta. Hoje à noite, o violeiro promete fazer do show de abertura do festival uma síntese de seus 30 anos de carreira.
Com 15 CDs e dois DVDs lançados, Chico Lobo bebe na fonte das folias – 90% de sua obra é autoral –, conquistando fãs estado e país afora. Segundo ele, o público do festival terá a oportunidade de conferir quatro maneiras diferentes de tocar, verdadeiro retrato da riqueza que a viola possibilita.
“Minas Gerais é, reconhecidamente, um celeiro de grandes violeiros. Do ritmo mais ladino e pulsante de Tião Carreiro (1934-1993), de Montes Claros, que nos anos 1920/1930 levou a viola caipira para São Paulo, até Fernando Sodré, que se aproxima do jazz”, informa.
O músico cita Renato Andrade (1932-2005), mestre responsável pelo rompimento de fronteiras. Esse mineiro de Abaeté foi parar no exterior e era constantemente convidado para salas de concerto. Outro mestre foi Zé Coco do Riachão (1912-1998), apelidado Beethoven do sertão, lembra Chico Lobo, apresentador de programas de TV e rádio dedicados ao instrumento.
1º VIOLA BRASIL
- Quarta-feira, às 20h – Chico Lobo
- Quinta-feira, às 20h – Gabriel Sater
- Sexta-feira, às 20h – Pereira da Viola
- Sábado, às 20h – Roberto Corrêa
Teatro Alterosa, Avenida Assis Chateaubriand, 499, Floresta. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada), na bilheteria, e pela internet. Informações: (31) 3237-6611.