Disco de jazz em parceria com Tony Bennett é esperança da Lady Gaga

Com a pouco repercussão dos últimos discos, cantora luta para se manter em evidência no mercado

por Correio Braziliense 29/09/2014 09:47

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Divulgação
(foto: Divulgação)
Quando Lady Gaga metaforizou os males da fama no EP 'The fame monster', em 2010, de certo não imaginava que viveria quatro anos depois tudo o que cantou. Ironicamente, o trabalho mais significativo da cantora em termos de venda e qualidade musical, também foi a assinatura do próprio testamento na indústria pop. Para uma artista que ascendeu de forma meteórica com um álbum que lhe rendeu 20 milhões de cópias vendidas, manter todos os êxitos conquistados nos trabalhos seguintes seria um desafio. A verdade é que Gaga era um fenômeno. E todo fenômeno tem seu prazo de validade.

As inovações estéticas e artísticas que propunha foram, gradativamente, enjoando o público. Em seis anos, a excentricidade deu lugar à esquisitice, que, por sua vez, abriu caminho para os ataques aos religiosos até culminarem em uma performance com direito a vômito inserido no discurso de arte que apenas ela e sua equipe compreendiam.

Nesse ponto, Lady Gaga já não era mais interessante ao público. A cantora, então no status de diva pop com uma legião de fãs ardorosos, viu a própria equipe criativa se desfazer e as vendas dos discos despencarem com a carreira que lhe parecia sólida. Ela própria assume que a colocaram em um patamar onde não estava. O tão estimado 'Artpop', lançado no fim de 2013, foi um completo fracasso de vendas e quebrou de vez o império da cantora.

Mas, há uma semana, Gaga pôde, enfim, ter um suspiro de esperança para a carreira. Talvez a última cartada dela para não ser, definitivamente, engolida pela indústria a qual se submeteu, o álbum 'Cheek to cheek', em parceria com o veterano Tony Bennett, vem agradando ao público e à crítica. Em cinco dias, o disco que revisita clássicos do jazz alcançou o primeiro lugar no ranking mundial de lançamentos do iTunes, serviço de vendas on-line da Apple. A previsão inicial é de que 125 mil cópias sejam vendidas até o fim desse primeiro período.

Refúgio
A relação de Gaga com Bennett começou em 2011, quando se conheceram em um show e ele a convidou para participar do álbum 'Duets II', que venceu um Grammy no ano seguinte. Não demorou muito para que os dois nova-iorquinos descendentes de italianos discutissem um trabalho maior. Em meio a toda crise na qual estava no pop, Gaga encontrou no jazz e no apadrinhamento de Bennett o refúgio para trabalhar um passo perigoso.

Ela agora se arrisca em um mercado que não está nos holofotes como o pop, mas que possui uma força interna muito considerável e já foi dominado por grandes nomes, como Billie Holliday, Ella Fitzgerald e Nina Simone. São nichos diferentes e houve inclusive a preocupação de Bennett por ela ser uma “ótima performer”.

O jazz lida com um público mais seleto, que não é adepto das extravagâncias conhecidas da cantora. E ela sabe muito bem disso, já que se inseriu no gênero ainda aos 13 anos, quando estudava voz clássica. Tony Bennett, por sua vez, tem carreira consagrada e sólida, maior ainda do que os 60 anos que os separam em idade. Ele nunca precisou mudar de estilo.

Então, o que ela teria a ganhar com essa mudança de rumo? Ainda é um tiro no escuro, mas as primeiras apresentações mostram uma Lady Gaga desprendida do aparato impressionista do mercado pop e muito mais consciente para tentar algo concreto, mesmo afunilando seu público. “Agora, eu só quero ser feliz e eu sou feliz cantando esse tipo de música. É minha raiz”, declarou a cantora a um programa da tevê norte-americana.

No fim das contas, Bennett significa para Gaga o que Frank Sinatra foi para ele, quando o classificou como o melhor do mercado ainda no início da carreira: um divisor de águas. Com ele deu certo. Já com Lady Gaga, só o tempo dirá.


MAIS SOBRE MÚSICA