Musica

Pianista mineiro Rafael Martini apresenta sua 'Suíte Onírica' no Palácio das Artes

Peça foi escrita em parceria com Makely Ka. Concerto na sexta-feira integra o Savassi Festival, no sábado apresentação gratuita no Parque Municipal

Eduardo Tristão Girão

"A cidade tem compositores de alto nível e que têm muito interesse e capacidade para escrever para orquestra. Isso fortaleceria os dois lados.%u201D Rafael Martini, pianista e compositor
Nome forte do piano em Minas Gerais, o belo-horizontino Rafael Martini, de 32 anos, chega ao momento que considera ser o ponto alto de sua carreira. Convidado a escrever uma peça especialmente para estrear na noite de gala do Savassi Festival, ele subirá ao palco do Grande Teatro do Palácio das Artes na sexta-feira para interpretar pela primeira vez sua 'Suíte onírica'. Escrita com Makely Ka, a peça será tocada com seu sexteto, Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e Coral Lírico de Minas Gerais, sob a regência de Marcelo Ramos.


“Esse projeto é realizado dentro do festival há quatro anos e sua idealização é do criador do festival, Bruno Golgher”, explica Martini. “Há dois anos ele me fez o convite para ser compositor dessa edição. O projeto sempre teve como compositores convidados nomes de fora do Brasil e muito consagrados, como Chris Potter, Kenny Werner e Cliff Korman. Isso mostra o quanto minha participação representa, para mim, uma honra e uma responsabilidade muito grandes.”

Rafael Martini e Makely Ka já haviam trabalhado juntos antes, escrevendo uma canção para um disco do grupo Quebrapedra, do qual faz parte o pianista. “Acompanho o trabalho do Makely desde sempre e de perto. Ele é um poeta, letrista e compositor muito prolífico, sempre com alvo muito claro e acertando na mosca”, elogia. “Eu o chamei para pensar comigo os textos da peça, pois sabia que queria algo que tivesse um pouco da agressividade que a ‘pena’ dele tem.”

A dupla elegeu como temática os sonhos e sua respectiva simbologia. A peça foi construída em cinco movimentos, que fazem alusão aos ciclos do sono. Compuseram tudo juntos: ora Martini enviava trechos musicais a serem letrados, ora recebia de Makely textos a serem musicados. “Só depois desse processo foi que comecei a abrir a composição para orquestra, coro e sexteto”, conta o pianista, lembrando que o processo todo, envolvendo composição e orquestração, durou cerca de quatro meses.

Cores

A sugestão de formação foi do próprio organizador do festival. “Acatei com muito gosto”, continua Martini. “Ouvi muita coisa para me inspirar, como os discos Urubu e Matita Perê, de Tom Jobim; Sketches of Spain, de Miles Davis; e Porgy and Bess, de Gil Evans, além de Maria João e Mario Laginha com orquestra. O convite para compor para essa formação só veio ativar todas as influências que tenho desse tipo de sonoridade, já há muito cultivadas dentro de mim.”

As possibilidades abertas com a junção de sexteto, orquestral e coral são muitas, garante Martini. “A principal é no campo do timbre, no qual a música se aproxima da experiência pictórica, pois ao combinar e recombinar tantos instrumentos é como se estivéssemos misturando pigmentos para criar novas cores. Isso é instigante demais”, exemplifica, acrescentando que o sexteto é formado por ele, Alexandre Andrés (flauta), Joana Queiroz (clarinete e clarone), Jonas Vitor (saxofone), Trigo Santana (baixo) e Felipe Continentino (bateria).

E MAIS
Como complemento ao programa hoje, às 20h30, e também no domingo, Nivaldo Ornelas vai apresentar a peça inédita Panorama contemporâneo brasileiro, com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e regência de Marcelo Ramos.

'Suíte onírica'
Estreia da composição de Rafael Martini e Makely Ka na Noite de Gala do Savassi Festival. Sexta-feira, às 21h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Informações: (31) 3236-7400. Domingo, às 10h, no Parque Municipal (Av. Afonso Pena, s/nº, Centro), com entrada franca.