Um festival de música. É assim que o violonista e ambientalista Zé Teixeira define a 10ª edição do Encontro Minas na MPB, que ocorre nesta sexta-feira e sábado, às 20h30, na Praça da Liberdade. Trata-se de reunião de artistas que fazem boa música, com estética muito diversificada – da moda de viola ao flerte com o pop-rock, passando por trabalhos com tambores de Minas. Há quem cultive “outras pegadas”, seja samba, pitadas de jazz ou violão MPB.
“Como não tem premiação o que vemos no palco é o compositor com estima elevada, aproveitando a oportunidade de mostrar o que faz, material que, muitas vezes, fica guardado na gaveta”, observa Zé Teixeira, criador da empreitada. Trata-se de mostra anual que a cada edição apresenta 10 artistas em dois shows, cuidando, inclusive, para que as compositoras estejam sempre representadas. “Somos pioneiros na valorização dos artistas mineiros”, afirma Zé Teixeira.
A ênfase na produção autoral foi adotada, como explica Zé Teixeira, a partir de percepção dele, como compositor, de que o mercado musical adotou estratégia de apostar apenas nas releituras. “O que é posição comodista de só trabalhar com o caminho fácil, de colocar outra roupa no que está consagrado”, critica o músico. “Vem daí a permanência dos anos 1970, 80 e 90”, exemplifica. “Estamos colaborando para a formação de público com outro tipo de escuta musical, que valoriza a criação”, afirma.
O violonista aproveita as críticas à situação atual do mercado musical para também alfinetar o provérbio que diz que santo de casa não faz milagre: “Dizer que o público não gosta do que é feito na sua terra é mentira. O problema é a falta de acesso à produção local”, garante. “Muitos dos nossos artistas já têm carreira, falta vitrine”, afirma. Um parceiro na proposta de espaço para o inédito, aponta Teixeira, tem sido a Rede Minas, que registra e veicula os shows.
Por mais que as novas tecnologias ajudem os artistas, para Zé Teixeira, é preciso apoio e estímulos para a realização de shows. “O que o artista quer é difundir suas criações, interagir com o público e não ficar apenas disponibilizando canções pela internet”, justifica. Sonho do pessoal que faz o Encontro Minas na MPB é levar o projeto para o interior, trabalhando com artistas regionais. “O interior, hoje, só recebe a produção massificada e é carente de produto genuinamente cultural”, afirma.
“Dizer que o público não gosta do que é feito na sua terra é mentira. O problema é a falta de acesso à produção local” - Zé Teixeira, compositor
10º Encontro Minas na MPB
Sexta-feira e sábado, 15 e 16 de agosto, às 20h30. Praça da Liberdade. Ingressos: 1kg de alimento.
PROGRAMAÇÃO
Sexta-feira
Alexandre Mestiço, Luiz Rosa, Luiz Salgado, Marcelo Morais e Mônica Dalmázi
Sábado
Carter, Dannier Copertine, Gilberto Mauro, Laiza Moraes e Nen Viana