Musica

Nelson Angelo lança disco Times Square nos Estados Unidos

Instrumentista inaugura parcerias com a participação especial de Milton Nascimento. Compositor prepara uma opereta

Ailton Magioli

Nelson Angelo, mais conhecido como instrumentista, está soltando a voz

A prática da relação globalizada fez Nelson Angelo, de 65 anos, perceber já há algum tempo que as fronteiras do mundo haviam acabado. Presença constante em Nova York nos últimos tempos, ele elegeu Times Square para batizar o novo disco, que lança por lá no dia 20, na rádio da Universidade de Columbia, em apresentação seguida de show, dia 28, no Jazz Pub Sob’s – Sounds of Brazil.

 
“Estou entregando o meu coração a esta história. Tanto que os planos futuros incluem a continuidade do trabalho, no qual faço uma espécie de música do mundo, em que está tudo embolado: jazz, samba, canção e até uma certa levada de rock”, explica Nelson, admitindo que com Times Square ele quis dar cunho musical-filosófico à questão que envolve o mundo contemporâneo.


“Nova York é um lugar muito ligado à música, que levou o mundo inteiro para lá”, constata Nelson Angelo, que, para dar vazão a essa etapa da carreira, convocou novos parceiros. Radicado no Rio, desde a década de 1960, no dia 8 o autor dos clássicos Canoa, canoa, com Fernando Brant, e Fazenda, estará recebendo o título de Cidadão Fluminense, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Do catedrático norte-americano Darryl Tookes, com quem canta a faixa-título, ao parceiro Milton Nascimento (Sacramento e Testamento), que canta com ele Gigi da Mangueira no disco, passando por Alice Caymmi (Meus amores) e Vanessa Falabella (Nada mudou), Times Square partiu da ideia de homenagear Nova York como símbolo das relações globalizadas e acabou resultando no disco em que Nelson Angelo (arranjador, compositor guitarrista e violonista) provavelmente mais cantou. Não apenas em português, mas também em inglês e espanhol.
 
PARCERIAS A ausência de antigos parceiros do Clube da Esquina não significa rompimento. “Não abandonei. Adoro todos e sou a fiel a eles: Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Márcio Borges e o próprio Milton Nascimento”, lista Nelson Angelo. “Fui buscar novos ares”, justifica a presença dos jornalistas Francisco Regueira (Tarde de luna) e Chico Salles (Preciso falar com você e Onde andará), além de Célia Mara (Meus amores), do Norte de Minas, que ele conheceu na Áustria. “Estou em uma fase com menos peso da montanha”, diz, em tom de brincadeira. O disco tem ainda um lado assumidamente romântico, com canções dedicadas às mulheres.

Diretor artístico do disco, o nordestino criado em Belo Horizonte e radicado em Nova York Jassvan DeLima assina Gigi da Mangueira e Nada mudou com Nelson Angelo. Trata-se do apresentador do programa O som do Brasil, da rádio da Universidade de Columbia. Paralelamente, Nelson desenvolve no Brasil o projeto Trilha sonora de uma Viagem, que vai resultar em uma opereta para apresentações em praças, no ano que vem.

Mesmo já tendo cantado muito em trabalhos de Milton Nascimento, pela primeira vez Nelson Angelo tem o privilégio de contar com o antigo parceiro cantando em um disco seu. “Está lindo, ele arrasou”, elogia. Como revela, em Gigi na Mangueira, na hora em que Milton dobra o vocal, havia um orquestra que ele decidiu tirar, deixando apenas o solo do cantor. A verdadeira Gigi da Mangueira, conta Nelson, é uma senhora de origem francesa, que se destacou na sociedade carioca fazendo trabalhos sociais com crianças. “Era uma passista alourada, de olhos verdes, que desfilava de pés no chão”, recorda o artista.