Completar 80 anos em plena (e intensa) atividade é natural para João Donato, cujo aniversário, em 17 de agosto, vem sendo comemorado mundo afora. “É uma questão de fazer o que você gosta, que nem atleta que continua na ativa. Música não é obrigação, mas um prazer, mesmo porque não exige esforço muscular”, afirma o pianista, acordeonista, arranjador, compositor e cantor acreano. A comemoração vai incluir BH: de 8 de outubro a 26 de novembro, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o projeto João Donato 80 + receberá convidados mineiros e de outros estados em encontros temáticos.
Para interpretar a sua música, João não esconde a preferência pelas cantoras. “Sempre gostei de Joyce, Gal Costa, Angela Ro Ro, Nana Caymmi”, lista, abrindo uma exceção no universo masculino: Emílio Santiago. Entre os colegas importantes para sua formação, faz questão de incluir o trombonista mineiro Edson Maciel ao lado de Tom Jobim, João Gilberto, Johnny Alf e Milton Banana, entre outros.
Talento da moderna música instrumental brasileira, o belo-horizontino Edson, assim como Donato, atuou no lendário Beco das Garrafas de Copacabana nos anos 1950. “Era uma espécie de Clube da Esquina”, compara ele, lembrando o repertório preferido da turma, embalado pelo jazz de Gerry Mulligan, Stan Kenton, George Shearing, Horace Silver e Shorty Rogers.
Internacional Realizado desde janeiro, o show comemorativo passou pela Finlândia, França e Portugal. A agenda inclui Rússia e Suíça (ele será homenageado no Festival de Montreaux). Além de BH e São Paulo, Donato será tema de série para a TV (Canal Brasil), de exposição sensorial (a cargo de Ana Durães e Cláudio Fernandes) e de DVD com a 'Suíte sinfônica popular', especialmente composta por ele sob inspiração de Claude Debussy, Maurice Ravel e temas brasileiros.
O show de aniversário está marcado para 20 de agosto, no carioca Circo Voador, com a presença de Luiz Melodia, Caetano Veloso, BNegão, Wanda Sá, Leny Andrade, Donatinho, Kassin e Marcelinho da Lua. O lançamento de disco é duplo, com direito a estratégia inédita por aqui. Enquanto 'Volume I (Live jazz in Rio – O couro tá comendo)' está à venda apenas nas lojas, o 'Volume II (Live Jazz in Rio – O bicho tá pegando)' será comercializado exclusivamente nas apresentações do artista. Entre as novidades estão parcerias com Nelson Motta ('Bolero digital'), Moacyr Luz ('Por aí ...'), Paulo Moura ('Na Barão de Mesquita') e o sobrinho dele, Gabriel Moura ('Menina do cabelão'). Além disso, Donato volta a seus clássicos compostos com Tom Jobim ('Quando a lembrança me vem'), Martinho da Vila ('Gaiolas abertas' e 'Suco de maracujá') e Gilberto Gil ('Bananeira' e 'Emoriô'), entre outros.
JOÃO EM BH
>> 8 de outubro
Convidado: Toninho Horta
>> 15 de outubro
Convidada: Marina de La Riva
>> 5 de novembro
Convidados: Dibigode e Donatinho
>> 12 de novembro
Convidada: Aline Calixto
>> 19 de novembro
Convidado: Thiago Delegado
>> 26 de novembro
Convidada: Fernanda Takai
ARTIGO
Sobram histórias...
Antônio Carlos Miguel - Jornalista e biógrafo
Mesmo que tenha muitos dados biográficos, situando os diversos momentos de sua vida, penso neste livro mais como uma panorâmica do trajeto musical de João Donato. É ainda a tentativa de decifrar o criador de uma obra que não para de encantar tanto novas audiências quanto jovens músicos e compositores. Gente arrebatada por um artista que conjuga lirismo, balanço, simplicidade e inovação em suas composições e na sua forma de tocar.
Ao surgir no início dos anos 1950 como um instrumentista de abordagem original, João Donato já mostrava uma certa estranheza. Ou uma forma diferente de lidar com o tempo e o cotidiano. No início de sua carreira, tal perfil causou alguns problemas, ele demorou a ser entendido, mas o tempo lhe fez justiça.
Para essa tarefa, procuro mapear suas origens e referências, apontando alguns dos ingredientes que o tornam um artista singular e inimitável. Recupero os muitos encontros (e desencontros) com um abrangente leque de intérpretes, instrumentistas, cantores, arranjadores e produtores através das últimas seis, sete décadas. Muitos desses colegas de viagem foram entrevistados, numa lista que inclui contemporâneos de Donato que morreram na última década, como Altamiro Carrilho, Johnny Alf, Paulo Moura, Bud Shank, Emílio Santiago e o amigo de adolescência Everardo Magalhães Castro.
Nos últimos cinco, seis anos também entrevistei João Donato (é claro, algumas vezes), seus familiares (incluindo a atual mulher, Ivone, e a americana Patricia, com quem viveu nos anos 1960), mais a irmã Eneyda e o irmão e letrista Lysias Ênio, filhos (Jodel, Donatinho e Joana), parceiros e intérpretes, incluindo Alaíde Costa, Gal Costa, Nana Caymmi, Marcos Valle, Roberto Menescal, Paulinho Lima, Joyce, Tommy Li Puma...
Material e histórias sobram, falta-me agora tempo (sempre ele) para finalizar o livro.
Com sua providencial biografia em execução, a cargo do jornalista carioca Antonio Carlos Miguel, João admite a necessidade de se disciplinar para produzir, mesmo porque já não comete “os exageros” da juventude. “É necessário controlar melhor a alimentação, o repouso. A gente vai mudando os hábitos”, observa o artista, adepto da noite para tocar e compor. “Já me habituei com ela, de dia prefiro descansar”, pondera. João costuma ficar acordado até as 5h e dorme até o meio-dia.
Para interpretar a sua música, João não esconde a preferência pelas cantoras. “Sempre gostei de Joyce, Gal Costa, Angela Ro Ro, Nana Caymmi”, lista, abrindo uma exceção no universo masculino: Emílio Santiago. Entre os colegas importantes para sua formação, faz questão de incluir o trombonista mineiro Edson Maciel ao lado de Tom Jobim, João Gilberto, Johnny Alf e Milton Banana, entre outros.
Talento da moderna música instrumental brasileira, o belo-horizontino Edson, assim como Donato, atuou no lendário Beco das Garrafas de Copacabana nos anos 1950. “Era uma espécie de Clube da Esquina”, compara ele, lembrando o repertório preferido da turma, embalado pelo jazz de Gerry Mulligan, Stan Kenton, George Shearing, Horace Silver e Shorty Rogers.
Internacional Realizado desde janeiro, o show comemorativo passou pela Finlândia, França e Portugal. A agenda inclui Rússia e Suíça (ele será homenageado no Festival de Montreaux). Além de BH e São Paulo, Donato será tema de série para a TV (Canal Brasil), de exposição sensorial (a cargo de Ana Durães e Cláudio Fernandes) e de DVD com a 'Suíte sinfônica popular', especialmente composta por ele sob inspiração de Claude Debussy, Maurice Ravel e temas brasileiros.
O show de aniversário está marcado para 20 de agosto, no carioca Circo Voador, com a presença de Luiz Melodia, Caetano Veloso, BNegão, Wanda Sá, Leny Andrade, Donatinho, Kassin e Marcelinho da Lua. O lançamento de disco é duplo, com direito a estratégia inédita por aqui. Enquanto 'Volume I (Live jazz in Rio – O couro tá comendo)' está à venda apenas nas lojas, o 'Volume II (Live Jazz in Rio – O bicho tá pegando)' será comercializado exclusivamente nas apresentações do artista. Entre as novidades estão parcerias com Nelson Motta ('Bolero digital'), Moacyr Luz ('Por aí ...'), Paulo Moura ('Na Barão de Mesquita') e o sobrinho dele, Gabriel Moura ('Menina do cabelão'). Além disso, Donato volta a seus clássicos compostos com Tom Jobim ('Quando a lembrança me vem'), Martinho da Vila ('Gaiolas abertas' e 'Suco de maracujá') e Gilberto Gil ('Bananeira' e 'Emoriô'), entre outros.
JOÃO EM BH
>> 8 de outubro
Convidado: Toninho Horta
>> 15 de outubro
Convidada: Marina de La Riva
>> 5 de novembro
Convidados: Dibigode e Donatinho
>> 12 de novembro
Convidada: Aline Calixto
>> 19 de novembro
Convidado: Thiago Delegado
>> 26 de novembro
Convidada: Fernanda Takai
ARTIGO
Sobram histórias...
Antônio Carlos Miguel - Jornalista e biógrafo
Mesmo que tenha muitos dados biográficos, situando os diversos momentos de sua vida, penso neste livro mais como uma panorâmica do trajeto musical de João Donato. É ainda a tentativa de decifrar o criador de uma obra que não para de encantar tanto novas audiências quanto jovens músicos e compositores. Gente arrebatada por um artista que conjuga lirismo, balanço, simplicidade e inovação em suas composições e na sua forma de tocar.
Ao surgir no início dos anos 1950 como um instrumentista de abordagem original, João Donato já mostrava uma certa estranheza. Ou uma forma diferente de lidar com o tempo e o cotidiano. No início de sua carreira, tal perfil causou alguns problemas, ele demorou a ser entendido, mas o tempo lhe fez justiça.
Para essa tarefa, procuro mapear suas origens e referências, apontando alguns dos ingredientes que o tornam um artista singular e inimitável. Recupero os muitos encontros (e desencontros) com um abrangente leque de intérpretes, instrumentistas, cantores, arranjadores e produtores através das últimas seis, sete décadas. Muitos desses colegas de viagem foram entrevistados, numa lista que inclui contemporâneos de Donato que morreram na última década, como Altamiro Carrilho, Johnny Alf, Paulo Moura, Bud Shank, Emílio Santiago e o amigo de adolescência Everardo Magalhães Castro.
Nos últimos cinco, seis anos também entrevistei João Donato (é claro, algumas vezes), seus familiares (incluindo a atual mulher, Ivone, e a americana Patricia, com quem viveu nos anos 1960), mais a irmã Eneyda e o irmão e letrista Lysias Ênio, filhos (Jodel, Donatinho e Joana), parceiros e intérpretes, incluindo Alaíde Costa, Gal Costa, Nana Caymmi, Marcos Valle, Roberto Menescal, Paulinho Lima, Joyce, Tommy Li Puma...
Material e histórias sobram, falta-me agora tempo (sempre ele) para finalizar o livro.