O quinto disco do Mombojó é um dos melhores do hoje quarteto, formado por Felipe S (voz e guitarra), Chiquinho (teclado e sampler), Marcelo Machado (guitarra) e Vicente Machado (bateria e sampler). O produtor e amigo dos rapazes Missionário José tem se ocupado com o contrabaixo, visto que o antigo dono do posto, Samuel Vieira, deixou a banda para trabalhar como ator. Atualmente, ele interpreta o personagem Igor, na novela Geração Brasil (Globo, às 19h). "O baixo no Mombojó normalmente transita entre a sua função convencional e outras funções texturais, busquei explorar um pouco isso. E dividir essa função no disco com Felipe e com Dengue é sem dúvida uma honra", comenta Missionário.
'Alexandre' é daqueles discos que podem até causar certo estranhamento na primeira audição. Mas vai se tornando cada vez mais interessante, inspirado e convidativo. Além do Stereolab, há influências de Radiohead, Tortoise, Justin Timberlake e Cidadão Instigado. As participações especiais ficaram por conta de China, da cantora paulista Céu, Pupillo e Dengue (respectivamente, baterista e baixista da Nação Zumbi), Pedro Mibieli (violino) e Vitor Araújo (piano) participam do álbum.
Na entrevista, Marcelo Machado fala sobre a ainda mais presente influência do Stereolab (banda britânica de post rock) ainda mais presente no disco. A vocalista, Laetitia Sadier, canta e divide com os integrantes do Mombojó a autoria da canção Summer long -, do processo de composição e produção, da influência que São Paulo exerce sobre eles e do Ocupe Estelita. A faixa Me encantei por Rosário foi composta a partir de textos do movimento Direitos Urbanos, que discute problemas relacionados à ocupação dos espaços urbanos.
Alexandre soa como o disco mais maduro e conceitualmente mais consistentente da Mombojó. De que forma o direcionamento musical do novo disco surgiu? Foi algo intencional, com vocês conversando e dizendo: "esse disco vai soar assim, com tais elementos" ou foi algo mais natural?
Nosso processo de criação é sempre muito espontâneo em relação às composições, temos sempre a preocupação de não nos repetirmos nas estruturas musicais. Nesse disco em especial, tivemos a intenção de sair do modo convencional de fazer discos. Nós nos permitimos fazer um álbum que fosse mais uma experiência sonora incluindo músicas instrumentais, textos incidentais, músicas usando o Pro Tools como ferramenta instrumental e outras coisas que saem um pouco do padrão. Nos inspiramos muito nos discos do Stereolab neste sentido.
Apesar de sutil, a influência do Stereolab sempre apareceu no trabalho de vocês. Neste disco ela aparece mais. Teria sido por conta da participação da cantora Laetitia Sadier?
Nós sempre tivemos uma grande influência do Stereolab no nosso som e na nossa carreira em geral, com certeza a participação de Laetitia nos inspirou e nos motivou absurdamente nesse disco.
De que forma a morada São Paulo influenciou e tem influenciado na maneira como trabalham a carreira e suas composições?
Ao meu ver São Paulo tem nos influenciado mais em como trabalhamos nossa carreira, por nos proporcionar um ritmo mais intenso de shows e por oferecer um grande leque de possibilidades relacionadas a outras atmosferas do trabalho como artistas. Neste momento eu estou morando em Recife e é de onde tem vindo grande parte da minha inspiração musical para compor.
O que a Mombojó pensa sobre o movimento Ocupe Estelita?
Nós somos completamente a favor do movimento, fazemos parte dessa geração que está vivendo uma retomada das manifestações em que o povo recifense luta para ter voz ativa nas questões envolvendo a nossa cidade. É um absurdo o que estamos vivendo naquela área e estamos talvez no momento mais político da história do Mombojó por conta de tudo que vem acontecendo em Recife e no país.
Veja vídeo do Mombojó tocando 'Summer Long' ao vivo: