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“Tenho certeza de que tudo foi culpa da amizade que a gente começou, em 2012”, afirma Milton, que diz ter passado a se interessar por rap no Brasil graças aos Racionais MCs. “Juntos, KL Jay, Eddi Rock, Ice Blue e Mano Brown formaram um dos grupos mais revolucionários do país, tanto em música quanto em estética”, afirma Bituca.
Crias de gerações distintas, que fizeram da música arma de lutas sociais, Bituca e Criolo têm mais em comum do que se pode imaginar. “A única coisa que nos diferencia é o tempo, pois ainda hoje vivemos os mesmos problemas, principalmente sociais”, avalia o cantor, que teve de enfrentar a ditadura militar em plena trajetória artística.
“Sendo assim, nossa principal função enquanto artista não pode se resumir somente às coisas que estão a nossa volta mas, sobretudo, com os problemas que atingem a vida das outras pessoas. Como pessoas públicas, temos que estar sempre atentos”, prega Milton Nascimento.
Dez anjos, a primeira parceria de Bituca com Criolo, veio de uma sugestão. “Gal Costa está finalizando um disco, dirigido por Marcus Preto, cuja a maioria das músicas veio de compositores da nova geração. Mas, para minha alegria, chegou a sugestão de uma parceria entre Criolo e eu”, recorda o cantor.
“O engraçado é que tivemos três meses para fazer a música, mas sempre que nos encontrávamos ela nunca saía. Até que, quase no último minuto, recebi a letra dele e fiz a música no mesmo dia, que foi batizada de Dez anjos”, relata Milton Nascimento.
Dos ensaios na casa do cantor vieram os primeiros resultados do show, antecedidos de um primeiro encontro de Bituca e Criolo, no Rio. “Fizemos os ensaios na minha casa e tudo saiu da forma mais natural possível. Ninguém impôs nada. Assim, as coisas foram se encaixando de maneira muito tranquila. Vamos apresentar algumas novidades nesse show e desejamos profundamente tocar o coração das pessoas”, conclui Milton Nascimento.
Atração pelo novo
Honestidade, simplicidade, caráter e, claro, amor à música, são qualidades de Criolo que atraíram Milton Nascimento. “Ele representa o novo, Criolo e Ganjaman (produtor musical, engenheiro de áudio, arranjador e músico brasileiro) deram uma sacudida no cenário”, garante o cantor mineiro.
“Acho que isso só vem complementar ainda mais nosso show”, acredita Milton. Para o cantor, o timbre dele e de Criolo nada mais é do que a voz do povo. “Posso dizer até que ambos tivemos essa mesma formação: a rua, a noite, os amigos sempre ao lado e a nossa própria vida. Essa é a maior contribuição, devolver tudo aquilo que a vida nos proporciona”.
Um dueto em Travessia, solos de Criolo (Bogotá e Mariô) e de Milton (Morro velho), além da primeira parceria dos dois, Linha de frente (a música é de Milton e a letra de Criolo) são algumas das curiosidades do show, que reafirma o gosto de Milton pelo novo, desde que conheceu, em Belo Horizonte, na década de 1960, os irmãos Borges: Marilton, Márcio, Telo e Lô, com os quais fundou o emblemático Clube da Esquina. Desde então, o cantor vem repetindo o gesto, trazendo à cena nomes como Celso Adolfo, Tadeu Franco, Elder Costa, Marina Machado, Bruno Cabral e tantos outros artistas mineiros com os quais cruzou ao longo da carreira. No show, ele também apresenta a jovem carioca Júlia Vargas, cuja voz Milton garante ser uma das mais belas que ouviu nos últimos tempos.
Além dos músicos que acompanham Milton há mais de 20 anos – Wilson Lopes (guitarra), Lincoln Cheib (bateria), Kiko Continentino (piano), Widor Santiago (baixo), Ronaldo Silva (percussão), Pedrinho do Cavaco (Cavaquinho) e Gastão Villeroy (baixo) – estarão no palco o arranjador Daniel Ganjaman e a já citada Júlia Vargas.
LINHA DE FRENTE – MILTON NASCIMENTO CONVIDA CRILO
Sexta e sábado, às 21h. Grande Teatro do Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro. Ingressos: Plateia 1, R$ 220 (inteira) e R$ 110 (meia); plateia 2, R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia); e plateia superior, R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia). Classificação livre. Informações: (31) 3236-7400.