'Atento aos sinais', que também dá nome ao mais recente disco do cantor que está celebrando 40 anos de carreira, foi projeto que começou no Theatro Central, em Juiz de Fora, em fevereiro de 2013 e de lá pra cá percorreu as principais cidades do país. O repertório é focado nas 14 faixas do álbum. “Começo com as três primeiras músicas, Rua da passagem (Lenine e Arnaldo Antunes), Incêndio (Pedro Luís) e Roendo as unhas (Paulinho da Viola). É uma pancada. Como se fosse uma abertura. Só depois delas digo boa-noite”, revela Ney, que estará acompanhado no palco de Sacha Amback (direção musical e teclado), Marcos Suzano e Felipe Roseno (percussão), Dunga (baixo), Mauricio Almeida e Mauricio Negão (guitarra), Aquiles Moraes (trompete) e Everson Moraes (trombone).
No próximo fim de semana, o artista volta a São Paulo, onde o espetáculo já esteve em cartaz oito vezes. Mas desta vez será para a gravação do DVD. Após esses shows, Ney Matogrosso só retoma a agenda no fim de julho, já que não pretende ter nenhum compromisso profissional durante a Copa do Mundo. “Vai ser muito complicado viajar nesse período, por isso, pedi para não marcarem nada. Não sei ainda se vou ficar por aqui. Devo ver alguns jogos, mas não sou muito de acompanhar futebol”, revela.
Opinião
Por falar no Mundial, a entrevista de Ney para uma rede de televisão portuguesa, no começo do mês, criticando vários assuntos, inclusive a Copa do Mundo, a FIFA, os serviços públicos no Brasil, a corrupção e os partidos políticos, ainda repercute por aqui. O cantor, que se apresentou em Lisboa e no Porto, conta que foi convidado por um jornalista da RTP para falar sobre sua vida, sua música, a relação com Portugal, e acabou sendo pego de surpresa. “De repente, ele partiu para um outro rumo e perguntou como estava o Brasil. Foi então que comecei a dar minha opinião. Falei sobre o descaso com a saúde pública e vieram à minha mente aquelas cenas diárias de gente dormindo em um pedaço de pano no chão dos hospitais. Não sei como as pessoas conseguem dormir vendo aquilo. É um absurdo”, lamenta.
Ney Matogrosso sabe que suas declarações suscitaram críticas e elogios, mas assegura que não se importou e muito menos quis rebater nenhuma delas. “Não tenho e nunca tive a intenção de ficar rebatendo nada. Não quis entrar nessa discussão. Não frequento essas mídias nem redes sociais”, frisa. Para ele, os artistas não têm obrigação de se posicionarem sobre assuntos de interesse público, mesmo em um momento ímpar como o atual, e que quando deu sua opinião sobre esses temas, estava ali como cidadão. “Antes de tudo sou um brasileiro e assim como todo cidadão posso e tenho o direito de me expressar e falar sobre o meu país. É curioso porque depois dessa entrevista, uns me taxaram de direita; outros de esquerda e eu não sou nada. Não tenho coloração política. Não tive e não tenho ligação com político nenhum. Isso não me interessa. Sou apenas cidadão”, ressalta.
Boa parte dos ataques do artista se dirigiram aos gastos com as obras do Mundial e com o chamado “padrão Fifa”. O intérprete afirmou que não é contra o campeonato que ocorrerá no Brasil, no mês que vem, mas sim contra a maneira como ele está sendo realizado.
Depois de tanta polêmica, tento descontrair e finalizar a conversa e pergunto: E o seu show Ney, é padrão Fifa?. Ele responde rindo: “É sim. É padrão Fifa”, responde.
Atento aos sinais
Show de Ney Matogrosso, sexta e sábado, às 21h; domingo, às 19h. Grande Teatro do Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro. Ingressos. Hoje: Plateia 1: R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia); Plateia 2: R$ 150 (inteira) e R$ 75 (meia); Plateia superior: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia); Amanhã: Plateia 1: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia); Plateia 2: R$ 180 (inteira) e
R$ 90 (meia) e Plateia superior: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia); Domingo: Plateia 1: R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia); Plateia 2:
R$ 150 (inteira) e R$ 75 (meia) e Plateia superior: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia). Classificação livre
No cinema, em imagens raras
Ney Matogrosso não está apenas nos palcos, mas também nos cinemas. O documentário Olho nu, dirigido por Joel Pizzini e produzido pelo Canal Brasil e pela Paloma Cinematográfica traz para a telona a vida e a obra do artista nascido em Bela Vista, no Mato Grosso do Sul.
O filme estreou no dia 15 e conta a história de Ney por meio de raras imagens de arquivo, trechos de teevisão e gravações complementares feitas pelo diretor especialmente para o filme.
Olho Nu é o retrato de uma carreira marcada pela força estética e visual, que, feito em narrativa inquieta e não-linear, conecta-se em perfeita sintonia com a carreira do cantor.
Ney participou de todo o processo de produção do documentário, e deu palpites em várias coisas. “Eu tinha esse direito e fazia parte do nosso trato. Opinei em muita coisa porque tinha que me ver ali e corresponder. Imaginava que as pessoas iam gostar, e que seria um filme cult, mas estou surpreso com as críticas maravilhosas. Não tinha noção de que seria tão bem recebido assim”, diz.
O filme está em cartaz no Belas 2, às 17h30, e no Cine 104, às 18h30.