Com dois novos lançamentos no mercado – o DVD 'Os mais lindos sambas-enredo de todos os tempos' e o CD 'Ainda é cedo', ambos independentes –, Dudu Nobre é uma das atrações da turnê itinerante do Prêmio da Música Brasileira, que chega hoje a Belo Horizonte, no Cine Theatro Brasil. A capital mineira é a quinta cidade a receber o show, que premiou artistas de vários gêneros da música popular, homenageando o mais brasileiro dos ritmos: o samba. Em solos, duos, trios e outras formações coletivas, a trupe reúne Beth Carvalho, Mariene de Castro, Arlindo Cruz, Altay Veloso e Zélia Duncan, além de Dudu Nobre e do convidado local, a cantora Aline Calixto.
“A mídia sempre acaba valorizando as coisas que têm efeito bombástico em determinado momento, o samba, no entanto, vai ter sempre o seu espaço”, avalia José Maurício Machline, idealizador e diretor do prêmio, salientando que, na atual turnê, duas cidades – Corumbá (MS) e Paroaupebas (PA) – vão receber a turnê em praça pública. “Durante as apresentações, as pessoas estão sempre cantando e dançando o samba”, comemora Machline, que, para comemorar um quarto de século do evento, também está lançando o livro 25 anos do Prêmio da Música Brasileira, em parceria com o jornalista Antônio Carlos Miguel e o designer Gringo Cardia.
Na passarela
Presença constante nos concursos de samba-enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel, sua escola de coração, Dudu Nobre, que também já disputou concurso na Viradouro, lamenta o fato de o enredo ter se tornado forma de capitalização das escolas de samba. “Complica a estética, principalmente a letra”, afirma o sambista carioca, admitindo que não há abertura para um samba sem refrão. Resultado: escolas como Portela, por exemplo, adotaram o samba com três refrões, enquanto outras, como a Salgueiro, optavam pelo falso refrão, a exemplo do que havia feito a Vila Isabel. “Daí achar que a melodia está se perdendo, já que a estética dela é sempre a mesma coisa”, aponta Dudu Nobre.
Longe de querer provocar polêmica, Dudu aposta no DVD, que gravou ao vivo na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, em clima de superprodução, com convidados como Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Neguinho da Beija-Flor, Seu Jorge e Monarco. “Como havia feito o projeto do CD em 2008, ficou o gostinho do DVD, cuja oportunidade surgiu agora”, explica.
Com a ajuda do carnavalesco Milton Cunha, Dudu levou o clima do sambódromo para a Cidade do Samba, contando para isso com passistas e destaques, entre eles a irmã porta-bandeira Lucinha Nobre, ao lado do mestre-sala Rogerinho. A Velha Guarda do Império Serrano, o dançarino e coreógrafo Carlinhos de Jesus, o gari Renato Sorriso e a rainha de bateria Viviane Araújo também participam da festa, que reproduz o clima dos desfiles na passarela do samba.
Destaque à parte, o repertório do DVD vai de 'É hoje' (União da Ilha, 1982) a 'Aquarela brasileira' (Império Serrano, 1964), passando por clássicos como 'Liberdade, liberdade abre as asas sobre nós' (Imperatriz Leopoldinense, 1989), 'Kizomba' (Vila Isabel, 1988), 'Festa do Círio de Nazaré' (Estácio de Sá, 1975), 'Domingo' (União da Ilha do Governador, 1977), 'Heróis da liberdade' (Império Serrano, 1969), 'Bum, bum praticumbum prugurundum' (Império Serrano, 1982), 'Os sertões' (Em cima da hora, 1976) e 'O tititi do Sapoty' (Estácio de Sá, 1987). Sob a batuta do maestro Rildo Hora, Dudu Nobre teve que adotar o recurso do pot-pourri para dar conta de tantas pérolas em um único trabalho.
PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA
Hoje, às 21h, no Cine-Theatro Brasil (Praça Sete, s/nº, Centro). Entrada franca (um par de ingressos por pessoa), mediante preenchimento de formulário no site www.premiodamusica.com.br. Ingressos limitados. Informações: (31) 3201-5211.