Prestes a entrar na 11ª edição, Mimo adiciona duas cidades mineiras à programação

Um dos festivais mais interessantes do país amplia sua presença em Minas e vai este ano a Ouro Preto e Tiradentes, com participação de músicos brasileiros e estrangeiros

por Eduardo Tristão Girão 18/05/2014 13:17

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Jos L. Knaepen/Divulgação
O indiano Trilok Gurtu conhece maracatu e forró e vai mostrar composição feita para Carlinhos Brown (foto: Jos L. Knaepen/Divulgação)
Festival que a cada ano se torna mais consolidado no calendário musical do país, o Mimo está prestes a chegar à sua 11ª edição e ampliando sua abrangência em Minas Gerais. Além de Ouro Preto (29 a 31 de agosto), o evento contemplará agora Tiradentes (de 17 a 19 de outubro), cidades que se somam a outros dois pontos já tradicionais de sua realização, a pernambucana Olinda (4 a 7 de setembro) e a fluminense Paraty (10 a 12 de outubro). A programação, gratuita e focada em atrações instrumentais nacionais e internacionais, tem também mostra de filmes e cursos de música.

“Minas inteira cabe como uma luva para o Mimo, pois muitas de suas cidades têm valor histórico importantíssimo. Hoje, o festival está posicionado nas cidades históricas mais charmosas do Brasil, que me desculpem as outras. Tiradentes era um sonho e queremos para lá algo mais intimista. A cidade pede isso. Não enxergo palcos enormes lá”, afirma Lu Araújo, diretora artística do evento.

Tradicionalmente, os concertos ocupam edifícios históricos e em Tiradentes eles serão realizados na Matriz de Santo Antônio, nas igrejas do Rosário e de Nossa Senhora das Mercês e no Santuário da Santíssima Trindade, entre outros locais. Mostra da relevância do estado para o Mimo, a abertura do festival será feita em Ouro Preto, com apresentação do guitarrista belo-horizontino Toninho Horta na Igreja do Pilar.

Entre as atrações já confirmadas, estão o percussionista indiano Trilok Gurtu, que fez carreira em colaboração com grandes jazzistas ocidentais, e o espanhol Jordi Savall, especialista em música medieval com sua viola da gamba – o primeiro se apresentará em Ouro Preto. Mais eclética que antes, a programação inclui ainda artistas brasileiros e da Jamaica, França, Estados Unidos, Suíça, Colômbia, Coreia do Sul, Portugal, Sérvia, Escócia e de países africanos (Bassekou Kouyaté, estrela do Mali, foi cotado).

Uma das novidades dessa edição é a criação do edital Mimo Instrumental, voltado para facilitar o acesso de artistas brasileiros aos palcos do festival. O edital será disponibilizado em 10 dias no site do evento (www.mimo.art.br) e prevê shows nas cidades-sedes para quatro grupos/instrumentistas (com todos os custos bancados pela produção) e premiação em dinheiro. “É uma forma de garantir sempre novidades e mostrar ao público artistas que estão despontando. Queremos ampliar isso nos anos seguintes, quem sabe até com gravação de disco”, revela Lu.

Tabla
“O primeiro músico brasileiro que conheci não era do samba, mas do maracatu. Em 1978, estava dando aula em Nova York quando me deparei com uma pessoa com uma tábua e começamos a tocar, sem nos conhecermos. Era Naná Vasconcelos. Desde então, sempre tocamos juntos, mesmo sem falarmos uma palavra. Nós não precisamos falar, nos comunicamos pela música. Ele é como um irmão para mim. Incrível”, diz o percussionista indiano Trilok Gurtu.

Apreciador do forró e habituado a visitar o Brasil, desta vez o artista subirá ao palco com o pianista turco Tulug Tirpan e os alemães Christian Kappe (trompete) e Jonathan Ihlenfeld Cuñiado (baixo). “Não toco apenas tabla. Escrevo minhas próprias músicas, canto, toco bateria e percussão. Tenho uma bateria feita sob medida, que levo para todo canto do mundo onde me apresento. Também toco baldes de água. Gosto de tocar em tudo”, sintetiza.

Entre as composições próprias que quer mostrar aos brasileiros, está uma que dedicou ao baiano Carlinhos Brown. “O Brasil é um dos países que mais me influenciaram, por conta da cultura afrobrasileira”, conta. Ele gosta de dizer que foi Jimi Hendrix um responsáveis por incentivá-lo a estudar a tabla a fundo. Tendo no currículo experiências com nomes como John McLaughlin, Oregon, Tabla Beat Science e Joe Zawinul, Gurtu agora quer gravar com orquestra sinfônica. “Espero que voltar do Brasil com muita inspiração”, conclui o indiano.

Batuta

Apesar de programado para começar no fim de agosto, o Mimo terá sua primeira atividade desta edição realizada mês que vem, em São Paulo. O curso de regência ministrado pelo maestro Isaac Karabtchevsky, à frente da Orquestra Sinfônica Heliópolis, será gratuito e aberto a profissionais de qualquer origem. Será também oportunidade para homenagear o centenário de nascimento do compositor fluminense Guerra-Peixe. É a primeira vez que acontecerá fora do calendário do festival.

Cinema
Parte integrante da programação do festival, a mostra de cinema será mantida na edição deste ano, com exibição de filmes sobre música ou que a tenham como fio condutor. As sessões são gratuitas e realizadas ao ar livre, com projeção em telões nas quatro cidades participantes. Os filmes serão selecionados por comissões e as inscrições terminam dia 10 do mês que vem. Informações: www.festivalmimodecinema.com.br.

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