O cavaquinho de Luciana Rabello é velho conhecido do público – das performances solo àquelas em companhia de gente como Elizeth Cardoso, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Nana Caymmi, Nara Leão e Dominguinhos, entre outros com quem ela fez shows e gravou. A voz, no entanto, era privilégio de poucos. Em lançamento da Acari Records, 'Candeia branca', o segundo CD solo da instrumentista, revela não apenas o timbre de voz grave e agradável, mas também a compositora, não por acaso em parceria com o marido, o poeta e letrista Paulo César Pinheiro.
Em 14 anos, a Acari lançou cerca de 60 títulos, entre eles apenas dois de Luciana Rabello: um instrumental e o recente, de canções. “Se somar quem gravei só na Acari, passa de mil fonogramas. Desses, apenas 26 são meus”, contabiliza, referindo-se aos 12 do primeiro disco e aos 14 do novo CD. O número não é significativo, admite. “Não acho que sou a coisa mais interessante do mundo”, desconversa ela sobre a carreira como cantora. Ira! volta aos palcos e anuncia grande turnê com shows no interior de Minas CD Zens, do grupo Zurawski Ensemble, chega ao Brasil Trilha da novela Meu pedacinho de chão, da TV Globo, ganha destaque Toninho Ferragutti explora o rico universo do acordeom Prestes a entrar na 11ª edição, Mimo adiciona duas cidades mineiras à programaçãosaiba mais
Luciana revela que só decidiu gravar 'Candeia branca' para registrar a parceria com o marido. Afinal, repara, são 29 anos de casamento. “Seria uma desconsideração não gravar essas canções”, justifica. À exceção de 'Teu amor', que assina sozinha, ela divide com Paulo César as outras faixas: 'De onde veio o samba', 'Seu Catirino', 'Canto guerreiro', 'Em cada mágoa existe um samba', 'Luz fria', 'Sem pedir licença', 'Flor d’água', 'Candeia branca', 'Estigma', 'Um triste olhar', 'De bem com o amor', 'Martelo da justiça' e 'Queda de braço'.
Do samba afro ao tipicamente carioca, passando por samba-canção, valsa, maculelê e baião, a intérprete exercita o canto em companhia dos instrumentistas Celsinho Silva (pandeiro e percussão), Maurício Carrilho (violão), Cristovão Bastos (piano e arranjo) e João Lyra (arranjos, violão e viola), entre outros. Dori Caymmi (voz, violão e arranjo) faz participação especial na valsa Flor d’água.
O coral do vovô
Irmã do violonista Rafael Rabello e da cantora Amélia Rabello, Luciana Rabello afirma que o canto está presente em sua vida desde a infância. “Meu avô me ensinou a tocar violão dos 5 para os 6 anos. Como ele era regente de coro, acabou criando um coral com os netos. Eu era a mais nova”, diverte-se. Na opinião dela, tocar não difere de cantar. “São técnicas diferentes, mas tudo é música”, afirma Luciana, que prefere se autointitular como “compositora que canta”. E avisa: “Amélia é a cantora da família”. Toda a prole de nove irmãos (seis mulheres) participava do coral criado pelo avô.