Musica

Transmissor faz parceria com o aclamado produtor Carlos Eduardo Miranda em seu terceiro CD

'De lá não ando só' investe na criação coletiva e traduz a evolução da banda belo-horizontina

Eduardo Tristão Girão

A banda Transmissor (com Miranda no centro) se trancou em sítio perto de BH para afinar o conceito de seu novo disco

Os ingredientes eram quase os mesmos, mas o modo de preparo foi diferente. Acostumados a produzir seus próprios discos – os elogiados Sociedade do crivo mútuo (2008) e Nacional (2011) –, os belo-horizontinos da banda Transmissor chegam ao terceiro álbum, De lá não ando só, com produção assinada pelo experiente Carlos Eduardo Miranda. O álbum traz algo que os mineiros desejavam há tempos: tocar juntos em estúdio. O show de lançamento está marcado para 9 de maio, no Teatro Bradesco.


O Transmissor mantém a pegada rock indie. “O pensamento inicial era tentar algo diferente do que já havíamos feito. Chamamos o Miranda para ter outra perspectiva e nova dinâmica de trabalho. Gravamos algumas canções já no primeiro take, tudo feito na hora, como se fosse um show. Não regravei nada – com um ou outro overdub de voz, foi bem ao vivo mesmo. O nosso objetivo é fugir da zona de conforto”, revela Leonardo Marques (voz, guitarra e teclado). O disco está disponível para download gratuito no site www.transmissor.tv.

Durante alguns dias, Leonardo, Thiago Corrêa (voz, violão e teclado), Jennifer Souza (voz, guitarra e violão), Henrique Matheus (guitarra), Daniel Debarry (baixo) e Pedro Hamdan (bateria) se trancaram num sítio perto da capital mineira para desenvolver as 12 faixas. “Geralmente, já trazemos as canções com estrutura mais completa. Neste CD, tentamos incorporar a questão coletiva e trabalhamos juntos mais do que nos outros discos”, conta Marques.

Leonardo, Thiago, Jennifer e Henrique são os principais compositores. Outra novidade: a presença de Daniel Debarry como sexto integrante da banda, que nunca teve baixista fixo. Thiago Corrêa habitualmente gravava o instrumento – nos shows, os integrantes se revezam. “Ao vivo, isso é complicado, pois cada um toca de um jeito e fica difícil dar unidade ao som. Daniel trouxe o chão de rock, com baixo marcadão”, explica Marques. Corrêa toca baixo com a dupla sertaneja Victor e Leo, o que lhe toma muito tempo, além de impedi-lo de participar de todas as apresentações do Transmissor.

Horas


Provavelmente motivado por mudanças como essa, Marques resolveu ouvir os discos anteriores para ver como eles soam agora. “Concluí que chegamos a uma maturidade bem bacana. O som está mais sólido e se percebe a evolução da banda. O disco ganhou peso, com bateria marcante e guitarras mais fortes”, compara.

O produtor Carlos Eduardo Miranda – que já trabalhou com Skank, Mundo Livre S.A. e Raimundos, entre outros artistas – fez com que a banda passasse horas ouvindo diferentes músicas, dos grupos atuais ao folk de décadas atrás.

“Miranda trouxe ideias interessantes, organizando bem. Ele tem currículo extenso e trabalhamos com ele sem medo, para ver no que daria”, conclui Marques.