Musica

Loja 53HC comemora 15 anos com vários eventos

Livro vai contar a história de Bart Ramos, dono da loja e herói da resistência da cena indie de Minas Gerais

Mariana Peixoto

Welbert "Bart" Ramos está à frente dos projetos 53HC sessions, Flaming night e Flaming hell
“Punk rock, hardcore, metal e alternativos”, diz a placa. Ou seja: um mundo cabe na pequena loja de número 53, no segundo andar da Galeria Praça Sete, a nossa Galeria do Rock. E Welbert “Bart” Ramos tem consciência disso. Há 15 anos, ele era vendedor da loja, que então pertencia à Cogumelo. Depois de um ano de casa, houve a proposta. Por que não comprá-la? Foi o que Bart fez.


Dessa maneira, a 53HC, além de loja de discos e camisetas, passou a ser produtora de shows e selo. Nessa década e meia, o mundo da música mudou bastante, mas Bart continua firme. Vivo e chutando.

Os 15 anos da 53HC não ganharão comemoração oficial, nem é o caso. Mas vem aí uma série de iniciativas, uma delas inédita. A convite da editora mineira Letramento, Bart começa a preparar o livro que vai contar a história da 53, projeto em parceria com os jornalistas Paulo Galvão e Tomaz de Alvarenga, com lançamento previsto para 2015.

Outros eventos vão ocorrer ao longo deste ano. Amanhã, no Music Hall, haverá mais uma edição da Flaming night – a Dead Fish, banda capixaba de hardcore, vai comemorar 10 anos de Zero e um, seu álbum mais conhecido. O show exibirá o repertório do trabalho na íntegra. Em 11 de maio, a Garage Fuzz, de Santos, outra veterana da cena, toca no Studio Bar, na 53HC sessions.

Ao longo de todos esses anos, Bart vem trazendo bandas gringas e nacionais a BH, além de dar espaço para muitas das pratas da casa nos shows que promove. O grande evento anual da produtora é o 53HC Music Fest, promovido desde 2002, geralmente no segundo semestre. Mais tarde, ele sacou que em vez de restringir os shows a um grande evento, poderia pulverizá-los ao longo do ano. Nasceram assim as noites flamejantes, realizadas a cada três meses. Uma centena de artistas já passou pelas Flaming nights e por sua dissidência mais pesada, a Flaming hell.

Cavalera

Bart destaca a vinda do Cavalera Conspiracy, que trouxe Max Cavalera a BH em 2012, oito anos depois de sua última performance na cidade. A banda Móveis Coloniais de Acaju estreou nos projetos da 53 e depois virou arroz de festa em BH. Também desembarcaram por aqui os norte-americanos do Suicidal Tendencies e os mexicanos do Brujeria. “A Flaming acabou se tornando uma noite bem plural, pois o público mudou. Pode ser tanto de banda punk quanto de hardcore, como era no início, ou mais indie”, comenta Bart.

Essas noites acabaram gerando outros projetos. O 53HC sessions é o mais novo deles. Estreou em edição única, há duas semanas, quando os veteranos do Ratos de Porão fizeram um show de seu primeiro álbum, Crucificados pelo sistema, que está completando 30 anos. Na apresentação especial para 300 pessoas – formato do projeto –, a banda fica mais próxima do público.

Se a plateia é outra, como afirma Bart, como uma loja de discos consegue sobreviver? “O perfil não mudou. Nosso público principal é o alternativo. O público que morreu para o comércio do disco foi o do pop. Hoje, há tanto a cultura do vinil quanto a do CD”, explica. Mesmo assim, nos últimos dois anos ele deu uma desacelerada no selo, que já lançou 30 títulos.

Por sua vez, a loja reforça a produtora. “Hoje, as coisas estão cada mais vez impessoais. Ingresso, por exemplo, só pela internet. O diferencial é que aqui na 53 a gente está sempre próximo das pessoas, vendemos entradas tanto para os nossos shows quanto os de outros. Então, a loja proporciona encontros. Aos sábados, o pessoal vem se inteirar da cena”, conclui Bart.

FLAMING NIGHT




Amanhã, começa a 28ª edição da Flaming night. A banda capixaba Dead Fish (foto) será a principal atração. Na abertura apresentam-se dois grupos de BH: Montese e Kill Moves. O show está marcado para as 21h30, no Music Hall (Avenida do Contorno, 3.239, Santa Efigênia). Ingressos: R$ 50 e R$ 25 (meia). Informações: (31) 3271-7237.