Não é exagero dizer que o baixo elétrico é um antes de Jaco Pastorius e transformou-se em outro depois dele. Morto em 21 de setembro de 1987, vítima de traumatismo craniano em uma briga de bar na Flórida, o músico norte-americano usou um único e simples modelo do instrumento (um Fender Jazz Bass 1962 sem trastes) e com ele revolucionou a forma de tocar. Em apresentações antológicas, discos autorais, parcerias e em grupos como o Weather Report, deixou registrada uma forma vibrante e única de acompanhar e solar. Mesmo quando precisava ser virtuoso, o fazia de forma melódica.
saiba mais
-
Com dois discos no forno, Toninho Horta mergulha em novos projetos e pretende fundar instituto cultural
-
Gonzaga Leal lança nono disco de sua carreira
-
Nação Zumbi divulga capa de novo álbum e confirma data de lançamento
-
Festival de rock pesado reúne bandas locais e estrangeiras no Studio Bar
-
''Cover de si mesma'', Misfits empolga fãs com show em Belo Horizonte
No ano seguinte, Pastorius participou da gravação do primeiro disco solo de Metheny, o belo 'Bright size life', com o baterista Bob Moses. Não tocou tão livre quanto no registro anterior, mas esbanjou categoria e criatividade, seguindo absolutamente fiel ao estilo melódico que inaugurou – e que serve de modelo até hoje. Em entrevista recente, o guitarrista, que tocou com nomes como Charlie Haden e Richard Bona, sugeriu que os baixistas parassem de tentar imitar o ex-parceiro e dessem um passo adiante.
Líquido
O primeiro disco solo do artista, Jaco Pastorius, foi produzido por Bobby Colomby (baterista do Blood, Sweat & Tears) e lançado ainda em 1975. A faixa de abertura já impressiona: uma releitura de 'Donna Lee', de Miles Davis, apenas com as notas de seu baixo fluindo entre as batidas da conga de Don Alias, que viria a ser seu companheiro no Weather Report. E novamente impressiona como o músico carregou consigo, por anos, certos fraseados como os de 'Come on, come over' (com Bob Herzog).
Uma de suas composições emblemáticas também está nesse disco, Continuum, peça de referência quando se pensa no som que deve ter o baixo fretless, cuja ausência dos trastes (que delimitam precisamente toda a escala musical no braço do instrumento) torna “líquida” a articulação entre as notas. Pastorius ainda escreveria outras composições notáveis, como Teen town, The chicken, Reza, Liberty city e Three views of a secret.
EM TRÊS DISCOS
» 'Jaco Pastorius'
Disco de estreia do baixista, conta com composições significativas, como Continuum, sua interpretação bem particular de Donna Lee (de Miles Davis) e Kuru/Speak like a child, fruto de sua colaboração com o pianista Herbie Hancock.
Gravado em 1981, dia em que Pastorius completou 30 anos, foi lançado postumamente em 1995. O músico toca com uma big band, o que possibilita percepção diferente do habitual de seu talento, como fica claro em faixas como Liberty city, Punk jazz e Reza.
» 'Live in New York City – Volume 2'
É praticamente uma jam session, com solos à vontade ao longo de 10 faixas, entre elas Teen town, Continuum e boas versões de Straight life (Freddie Hubbard) e I shot the sheriff (Bob Marley). As performances inspiradas compensam o som precário.
Ouça a interpretação de Pastorius para 'Donna Lee':