Barral Lima promete songbooks para talentos mineiros do pop

Produtor promete novos projetos de artistas mineiros, depois de Lô Borges e Beto Guedes

por Eduardo Tristão Girão 20/04/2014 06:00

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Leandro Couri/EM/D.A Press
"Não é um trabalho simples. Exige paciência, técnica, conhecimento de harmonia e um bom ouvido. O cara tem que ser completo", produtor Barral Lima (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )

Os 10 anos acompanhando Lô Borges facilitaram muito. Repetir a dose com Beto Guedes foi ainda mais fácil. Mal chegaram à praça os songbooks desses dois artistas e o produtor musical belo-horizontino Barral Lima já está programando o lançamento do terceiro e trabalhando também no quarto livro. Ele mantém sempre o foco em nomes mineiros, sem descartar, inclusive, a criação de outra linha para contemplar talentos mais pop do estado. Hoje, Barral é uma espécie de homem-partitura.

O próximo título que lançará é dedicado à obra de Marku Ribas e, até novembro, outro terá ficado pronto, contemplando a obra de Flávio Venturini. Paralelamente, iniciou conversa com Toninho Horta para estudar a possibilidade de produzir um segundo songbook, já que o guitarrista acabou de lançar um por conta própria. Fora isso, Barral está de olho em Milton Nascimento, que tem um songbook praticamente pronto, feito pelo seu guitarrista, Wilson Lopes, e engavetado há 10 anos.

“O 14 Bis está interessado em fazer um songbook e também quero fazer um do Vander Lee, cujas músicas gosto muito. Ele tem obra bacana, apesar de não ter tanto tempo de carreira, como Lô e Beto. No caso de grupos como Skank e Jota Quest, poderíamos fazer, mas com uma cara diferente, pois o público é outro. Nesse caso, teríamos também Tianastácia, Sideral, um monte de gente. Além de ficar para a história, o produto precisa ser vendido”, observa o produtor.
Trabalho sujo Fazer um songbook é um trabalho duro, que, no caso dos que Barral produziu, começa com a definição das músicas que serão incluídas, feita em conjunto com os artistas. “Com o Lô, começamos pensando num número de músicas ideal, com as mais representativas, que não são, necessariamente, as mais conhecidas. Ele quis estar presente o tempo inteiro e fez questão de hits e de músicas novas, dos últimos cinco álbuns”, conta.

Feito isso, começa o “trabalho sujo” propriamente dito: apertar o play, ouvir música por música e escrever as cifras (acordes) e melodias (notas que correspondem ao que é cantado). Tudo de ouvido, ou seja, sem consulta. “Não é um trabalho simples. Exige paciência, técnica, conhecimento de harmonia e um bom ouvido. O cara tem que ser completo”, define Barral. O “cara”, no caso, é o guitarrista, violonista, produtor, arranjador, compositor, cantor e professor Carlos Laudares. Ele foi o responsável pelos songbooks de Lô e Beto.

“Laudares ficou uns 30, 40 dias transcrevendo as 55 músicas do Lô; depois, marcamos uns cinco ou seis encontros entre nós três, para checar se estava tudo exatamente como foi composto. Também demos uma geral nas letras e fizemos reuniões pela internet. Para fazer o do Beto, tivemos ajuda do Cláudio Faria, que toca com ele. Beto ficou mais preocupado com a escolha das músicas e na transcrição ficou mais afastado, o que é natural, até porque não tem tanta intimidade com cifras”, conta.

De ouvido A propósito, Barral afirma que tanto Lô quanto Beto não estão habituados a trabalhar com cifras ou partitura. “Eles tocam tudo de ouvido. Ninguém nunca viu nem verá nenhum dos dois tocando com algum papel na frente. É impressionante como tocam todas aquelas harmonias de cor. Elas são complicadas e eles são autodidatas. Os dois têm seus jeitos de fazer harmonia. Nunca é muito simples, sempre tem uma ‘sacanagem’. Isso é legal, pois não há nada óbvio”, analisa.

Ao final dos dois trabalhos, o produtor ficou ainda mais fã de Beto e passou a enxergar com maior clareza as similaridades entre os dois artistas: “A forma como Beto compõe é muito inteligente e bonita. Tudo muito intuitivo, quase espiritual. As harmonias são muito sofisticadas. São características difíceis de encontrar hoje. Os dois conseguiram fazer algo sofisticado e acessível, sendo o Lô um pouco mais rock and roll. Hoje, ou os caras simplificam demais e todo mundo copia ou fazem coisas muito sofisticadas e ninguém entende”.

Saiba mais
No exterior

Os songbooks de Lô Borges e Beto Guedes têm tiragem de 2 mil exemplares cada. Estão à venda em livrarias e no site da Ultra Music. O produtor Barral Lima quer, entretanto, levá-los para fora do Brasil – tanto que ambos são bilíngues (português e inglês). “Já conversei com editoras de outros países para lançar esses títulos lá fora. Estive em feiras na Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra e, em breve, vou a outra, na Argentina”, revela. Ainda este ano, ele quer ir a mais cinco eventos do tipo, além de tentar introduzir os songbooks em universidades estrangeiras.

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