Jorge Mautner está em Belo Horizonte, mas não subirá ao palco. Hoje à noite, o cantor, compositor e escritor carioca participa de bate-papo com o público, no Espaço 104, como convidado do projeto Retratos de artista: molduras do pensamento. O evento também trará à capital Paulo César Pinheiro (dia 16), Hermeto Pascoal (dia 23) e Roberto Tibiriçá (dia 30).
Filiado ao Partido Comunista, Mautner foi preso durante a ditadura e enviado para a prisão em Barretos (SP). Solto sob a condição “de se expressar com mais cuidado em suas futuras obras”, decidiu se exilar nos Estados Unidos, onde trabalhou na Unesco como tradutor de livros brasileiros. De lá, seguiu para a Inglaterra, aproximando-se de Caetano e Gil em Londres. De volta ao Brasil, passou a colaborar com o jornal alternativo 'O Pasquim'.
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Além de sua relação com a política, Mautner tem muito a dizer sobre sua carreira, que começou cedo. Em 1965, ele gravou o primeiro disco, o compacto simples 'Radioatividade/Não, não, não' (1965). Muito antes, em 1956, escreveu o livro 'Deus da chuva e da morte', aos 15 anos, que lhe rendeu o Prêmio Jabuti. Aos 73, o artista se mantém absolutamente ativo e interagindo com a nova geração. Para se ter uma ideia, a banda que acompanha Mautner é a Tono, liderada por Bem Gil, filho de Gilberto Gil.
“Eles têm sensibilidade, capacidade incrível e informação. Ao mesmo tempo, estão redescobrindo a profundidade da música brasileira. Estão por dentro de tudo”, elogia Mautner. A propósito, seu último álbum de inéditas, 'Revirão' (2007), reúne nomes como Berna Ceppas e Kassin. Para o fim do ano, ele promete outro CD, desta vez homenageando o parceiro Nelson Jacobina, morto em 2012.
DETONANDO
Pouco depois de mandar para a praça a caixa Três tons, com seus três primeiros discos, Jorge Mautner anuncia novidades. Um álbum duplo trará material inédito gravado ao vivo no início dos anos 1970. Para detonar a cidade, que reúne canções que ele nem se lembrava de ter feito, será lançado no fim do mês. “Os shows foram feitos logo quando voltei ao Brasil. Há longos solos de violino, de bandolim. Antigamente, as faixas eram cortadas para poderem tocar no rádio”, adianta.
RETRATOS DE ARTISTA
Bate-papo com Jorge Mautner. Hoje, às 19h30. Espaço 104, Praça da Estação, 104, Centro. Entrada franca. Informações: (31) 3037-8691 e 9979-3372.