Um show com grandes sucessos. É o que promete Alan Parsons para a apresentação desta quarta-feira, no Palácio das Artes. Em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira, o artista falou sobre a turnê brasileira e sobre seu importante trabalho como engenheiro de som em álbuns de bandas como Beatles e Pink Floyd, função que continua exercendo até hoje no cenário musical europeu e norte-americano. O show de BH abre a turnê do Alan Parsons Project pela América Latina. O grupo ainda passa por São Paulo, Rio de Janeiro, Rosário e Buenos Aires, na Argentina, e Santiago, no Chile.
Com a carreira marcada pelo trabalho com grandes nomes da música, Parsons lembra com humor do começo de sua trajetória, quando era apenas um assistente no renomado estúdio Abbey Road. “Eu estava trabalhando na EMI, em um departamento que era ligado ao Abbey Road. Eu trabalhava fabricando fitas, então eu aprendi sobre sons, gravadores. Escrevi para o empresário (do estúdio) dizendo: eu trabalho nesse departamento, poderia fazer uma entrevista? Duas semanas depois estava trabalhando lá”, conta.
Uma de suas experiências de estreia foi com os Beatles. “''Let it be' foi o primeiro. Eu só gravava, apertava o botão “gravar”, rebobinava. Esse era meu trabalho. Eventualmente fazia café e chá. É o que se faz geralmente quando somos estagiários”, afirma bem humorado. De acordo com o músico, o trabalho com os Fab Four foi bom para o currículo, mas não pelo trabalho em si, que ainda era muito discreto.
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Apesar de continuar produzindo, Parsons faz questão de se manter à moda antiga. “Não me envolvo com os computadores. Meus assistentes fazem isso. Eu fico com meu conhecimento, que é o que faço melhor. E não preciso clicar, clicar, clicar o dia inteiro”, diz categórico. No entanto, ele reconhece que o jeito de se produzir hoje é muito diferente e, por causa disso, apenas os grandes estúdios devem sobreviver às novas tecnologias. “Hoje qualquer banda consegue gravar um disco em uma garagem”.
Aliado ao trabalho de produtor, Parsons excursiona com o Alan Parsons Project pelo mundo. Mas o músico explica que, até meados dos anos 1990, o coletivo artístico nunca tinha tocado ao vivo. “Não tínhamos os programas, sintetizadores, samplers. O sampler veio só em 1982, mas ainda era muito primitivo. Nós não nos sentíamos confortáveis com o som que conseguíamos fazer ao vivo. Se tivéssemos uma orquestra, talvez”, diz.
A fundação do grupo também foi lembrada pelo músico durante a entrevista, em que citou a importância do parceiro Eric Woolfson, co-fundador do Alan Parsons Project. “A ideia veio do Eric. Ele disse: devíamos fazer um álbum. Nós referíamos ao disco como o nosso 'Dark side', nosso próprio álbum conceitual. Eric estava procurando por alguém que combinasse com seu talento. Ele era um ótimo compositor e também empresário. Ele gravou e escreveu a maioria das músicas. E eu fiz a produção e a engenharia de som”, explica.
A convivência com Woolfson acabou ajudando o produtor a se aventurar pela composição, tarefa que ele afirma ainda ser difícil para ele. “Acho que desenvolvi meu talento como compositor por causa do tempo que passei com o Eric. Ele era muito bom em construir melodias e versos. Aprendi muito. Ele era muito mais produtivo. Eu era mais responsável pelos instrumentos. Isso não significa que eu não podia escrever uma música. Só que não vem naturalmente, eu tenho que trabalhar duro para isso”, revela.
E por falar em composição, o Alan Parsons Project lança seu mais novo single, 'Fragile', para download nesta quarta-feira. A música já havia sido disponibilizada em dezembro, apenas na Alemanha, Suíça e Ástria.