Musica

Duelo de MCs ganha releitura nesta quinta, em auditório do Museu Inimá de Paula

Realizado normalmente embaixo do Viaduto Santa Tereza, evento terá rimas improvisadas e show do Arte Favela no novo espaço

Ana Clara Brant

Coletivo Família de Rua faz apresentação diferente hoje, a partir das 19h, no Museu Inimá de Paula. Em vez de duelo, prometem intervenção
Na noite desta quinta-feira, 13, a partir das 19h, os MCs do famoso duelo realizado embaixo do Viaduto Santa Tereza vão ocupar um palco diferente: o Museu Inimá de Paula, na Rua da Bahia, Centro. A apresentação dos rappers não deixa de ser uma maneira de celebrar o projeto Arte Favela nos becos – Olhares de BH, patrocinado pelo Mercantil do Brasil, e que está com exposição em cartaz no espaço.

 

Até dia 27, as obras produzidas por 30 jovens, de 14 a 29 anos, de cinco comunidades de Belo Horizonte – Vila Presidente Vargas (Bairro Goiânia), Vila Marçola (Serra), Cabana do Pai Tomás, Barragem Santa Lúcia e Alto Vera Cruz –, poderão ser conferidas pelo público. Os painéis retratam a cultura da capital mineira por meio da realização de oficinas de grafite.


“Na verdade, não faremos um duelo lá, mas uma intervenção com rimas improvisadas durante show da rapaziada do Arte Favela, nossos parceiros há muito tempo”, explica Pedro Valentim, o PDR, um dos integrantes e fundadores do Coletivo Família de Rua, organizador do Duelo de MCs.

 

O artista conta que a iniciativa já ocupou outros locais que não necessariamente o viaduto, e que o importante é mostrar essa transição entre a rua e o palco fechado. "E não é qualquer palco, mas um auditório dentro do museu. Nossa proposta é levar as pessoas a refletirem sobre esse trânsito de mudança de espaço, e provar que, independentemente de onde o duelo ocorra, ele nunca perde sua verdadeira essência", frisa.

Burocracia?

Enquanto isso, ainda está em aberto se o Duelo de MCs vai continuar ou não na rua. Pedro Valentim lembra que, semana passada, foi anunciado o início oficial do evento para domingo, na Praça João Pessoa, no cruzamento das avenidas Bernardo Monteiro e Brasil, próximo à região hospitalar, já que o Viaduto de Santa Tereza está passando por obras de revitalização, que devem durar até outubro. No entanto, na terça-feira, os organizadores foram pegos de surpresa com uma notícia que deve inviabilizar a realização do duelo.

“Fomos informados pela gerência de licenciamento da Regional Centro-Sul da PBH que, este o ano, em função de mudanças na legislação eleitoral, isenções de taxas públicas para emissão de alvarás que licenciam a realização de eventos nos espaços públicos da cidade estão proibidas. Diante desse quadro, ainda não sabemos como garantir o duelo. O pagamento das taxas, que somam aproximadamente R$ 600 (incluindo documentos e locação de banheiros químicos obrigatórios), é impraticável, compreendendo a periodicidade do encontro (a cada 15 dias) e seu caráter independente”, declara o MC.

 

Ele lembra que o evento sempre foi um encontro da cultura hip-hop, realizado na raça, de forma independente e sem fins lucrativos. Nos últimos seis anos, apesar de uma série de entraves, o encontro sempre foi licenciado e isento das taxas obrigatórias. “Mas as coisas parecem ter mudado e a gente, sinceramente, não sabemos como agir”, desabafa.

Segundo a assessoria da Regional Centro-Sul, como é ano eleitoral há uma lei federal que não permite a isenção da guia de licenciamento. Por isso, é necessário pagar para que o evento seja realizado. Para os demais períodos a isenção continuará valendo.

Duelo de MCs
Quinta-feira, 13 de fevereiro, às 19h. Auditório do Museu Inimá de Paula, Rua da Bahia, 1.201, Centro. Entrada franca. Capacidade: 130 lugares. Informações: (31) 3213-4320.