Será possível Bell Marques existir sem o Chiclete com Banana? E o contrário? O vocalista da banda baiana, que vai deixar o grupo depois do carnaval, assegura que sim. Apesar de a maioria das pessoas associarem o nome do músico ao Chiclete, os fãs terão que se acostumar com as carreiras paralelas. “É mais do que natural que as pessoas façam a associação direta entre meu nome e o do Chiclete, e vice-versa. Não foram dois dias, foram mais de 30 anos à frente de uma banda que roda o país inteiro. Mas, obviamente, as duas carreiras podem existir separadamente. Acredito no meu potencial e no do Chiclete também”, comenta Bell.

E amanhã, os chicleteiros (fãs do grupo) de Belo Horizonte vão se despedir da formação a que estão acostumados. Os baianos fazem sua última apresentação em Minas, antes da saída de Bell Marques. O show será no Mega Space, em Santa Luzia, e o cantor aposta em encontro de muita emoção, tanto para ele quanto para os mineiros. Não faltarão os sucessos das três décadas de carreira como 'Não vou chorar', 'Diga que valeu', '100% você', 'Voa voa', 'Chicleteiro eu, chicleteira', ela entre outros hits em um palco 360º. O folião terá a opção de seis espaços: o Voa voa, Um Brasil, Camaleão, Chicleteiro by Woods, Camarote do Nana e Camarote exclusive, todos com visão para o palco. O espaço Um Brasil vai receber o Bloco da Preta, e os foliões poderão curtir um show exclusivo da cantora Preta Gil. A dupla sertaneja Henrique e Diego, responsável pelos sucessos 'Ô delícia', 'Zuar e beber' e 'Festa boa' vai fazer o show de abertura.

Bell Marques, que ajudou a fundar o Chiclete no início dos anos 1980, e esteve à frente do grupo durante mais de 30 anos de sucesso, anunciou oficialmente sua saída em setembro, em vídeo no YouTube. Na gravação, ele estava bastante emocionado e chegou a chorar. Além de ter desejado boa sorte aos companheiros, disse que estava vivendo o momento mais difícil de sua vida profissional, mas que era necessário seguir um ‘novo jeito de caminhar’. “Claro que estou triste! Foram mais de 30 anos comandando um projeto que vi nascer, que construí ao lado de familiares. Impossível não ficar triste e não chorar. Foi uma decisão extremamente difícil, mas que precisou ser tomada”, diz. O artista acrescenta que o real motivo de sua saída é o que está no vídeo e que ele precisava ir atrás de sua felicidade. “Precisei pensar um pouco mais em mim e o jeito que encontrei foi correr atrás desse projeto solo, no qual estarei mais livre para dar vida às minhas ideias e às sonoridades que não tive a oportunidade de mostrar no Chiclete. Não foi nada além disso. Foi em respeito ao trabalho dos meus irmãos e ao meu público que deixei a banda. Não poderia continuar num projeto que não estava me fazendo feliz. Seria desonesto”, enfatizou.

O cantor garante que, mesmo com a despedida já marcada para o último dia do carnaval, o clima entre os outros integrantes, inclusive seus irmãos – Wilson e Wadinho Marques –, não mudou, assim como espera que a relação com o público também seja a mesma. “Tem sido como sempre, uma relação de respeito mútuo. Afinal, somos uma família, não apenas de sangue, no caso dos meus irmãos, mas pela parceria de anos com os demais músicos. Minha relação com o público não mudará nunca, se depender de mim. São meus fãs que me mantêm motivado”, afirma.

VUMBORA Bell avisa que sua carreira solo começa oficialmente na terça-feira de carnaval, em 4 de março, quando baixarem as cordas do Camaleão, bloco comandado pelo Chiclete. De lá, vai direto para o trio do Vumbora, seu bloco solo, que sai no circuito Barra-Ondina, em Salvador. “Estou cheio de energia e muito motivado. Depois, já tenho shows em Porto Seguro, na quinta-feira depois do carnaval, e em São Paulo, no desfile das campeãs no Camarote Brahma. A agenda está bem cheia e temos muita festa pela frente. Vou também para Aracaju (SE), Mossoró (RN), Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e estou confirmado no Gevê Folia, em Governador Valadares, em 3 de maio”, anuncia.

Quem vai assumir o posto de Bell Marques é o cantor e guitarrista baiano Rafa Chaves. O grupo divulgou nas redes sociais que o artista, que faz parte da banda de axé Via Circular, foi escolhido para ser o novo vocalista do Chiclete com Banana por “unanimidade, obedecendo o critério de entrosamento, musicalidade, modernidade e por ser fervoroso chicleteiro há muito tempo”.

Chiclete com Banana Despedida de Bell
Abertura com Henrique e Diogo. Neste sábado, a partir das 16h. Mega Space, Avenida das Indústrias, 3.000, Dist. Industrial 2, Santa Luzia. Ingressos: R$ 60 a R$ 290. Informações: (31) 3284-7447 ou pelo site www.folia.com.br. Classificação: pista: 16 anos; outros espaços: 18 anos.

Três perguntas para

Bell Marques

Você acredita que o Chiclete vai continuar sua trajetória de sucesso com a sua saída, já que muitos artistas baianos que deixaram seus grupos, como Ivete, Claudia Leitte e Tuca Fernandes, conseguiram se destacar na carreira solo e as bandas das quais faziam parte ficaram um pouco no ostracismo?
Em primeiro lugar, não considero que a Banda Eva e o Jammil, por exemplo, tenham caído no esquecimento. São bandas extremamente fortes no mercado. Quanto ao Chiclete, torço para que eles façam as escolhas certas e trabalhem como sempre trabalharam nesses anos todos. O potencial existe.

O seu show de despedida no carnaval de Salvador vai ter alguma coisa especial, alguma surpresa?
O público tem pedido músicas das antigas, algumas que nem entravam mais no repertório. Eles querem aproveitar essas últimas apresentações comigo à frente da banda, para reviver nossa história e tem sido muito emocionante pra gente. Inclusive, atendendo pedidos dos fãs, para o meu CD solo, regravei duas músicas, Vumbora amar e Savassi, que estão entre as minhas favoritas, e fiz um pout-pourri com uma aposta minha da carreira solo que é Vumbora vumbora. Essa faixa, inclusive, já está disponível na minha página no Facebook pra quem quiser ouvir. (www.facebook.com/OficialBellMarques).

Como será a carreira solo de Bell Marques? Em que você vai focar e quais são suas expectativas?
Continuarei tocando como sempre toquei. Com muita energia, pra cima, com minha guitarra bem forte. O que muda é que trago alguns elementos, algumas sonoridades que não tive a oportunidade de experimentar no Chiclete, como um violoncelo, um violino e um trio de sopro na banda. Tenho outros projetos já para este ano e, aos poucos, vocês vão saber de tudo.

Bloco da Preta

A cantora Preta Gil (foto) também dará as caras na festa de despedida de Bell Marques em Minas. A artista fará apresentação exclusiva no camarote Um Brasil com o bloco composto por Mestre Pablo, no comando da bateria Black Power, e mais 10 ritmistas, além de Fábio Lessa (baixo), Ricardo Marins (guitarra), André Fernandes (bateria), Ranieri Oliveira (teclado) e Miguel (vocal). Sucesso de público e crítica por onde passa, o Bloco da Preta traz em seu repertório desde clássicos da MPB a composições da própria cantora e músicas de outros artistas como Tim Maia, Ivete Sangalo e Anitta.