O paulista Cesinha Pivetta, de 28 anos, chega ao primeiro disco depois de dedicar praticamente toda a sua vida ao samba. O CD Nossa bandeira traz composições dele e de parceiros – entre elas, Baquetas em pedaços (2003), composta na adolescência. Os mestres também comparecem: o repertório conta com Lamento de uma raça, composição inédita de Candeia e Waldir 59, de 87, sênior da ala de compositores da Portela.
saiba mais
Nascido e criado na região da Bela Vista e do Bixiga, berço do samba paulistano, reduto de Adoniran Barbosa e da escola Vai Vai, Pivetta é filho da cantora e atriz Márcia Moraes e do dramaturgo César Vieira, criador do Teatro Popular União de Olho Vivo. Logo cedo ele já estava no palco interpretando o menino Adoniran Barbosa. “Aprendi tudo sobre ele e me encantei”, recorda. Batuqueiros amigos de seu pai, Mestre Pelão (“que fez o primeiro disco de Cartola”) e Plínio Marcos estimularam o gosto do menino pelo samba.
Cesinha Pivetta admira os compositores Adoniran Barbosa, Batatinha e Paulinho da Viola. O primeiro pela crônica da vida popular; o baiano pela beleza e melancolia das melodias; e o carioca por sua integridade e respeito ao ofício. “Paulinho da Viola é um gênio, tem samba na veia. Ele é quase a mistura de Noel Rosa e Cartola, se isso fosse possível”, brinca. Gravado ao vivo, 'Nossa bandeira' traz Waldir 59 como convidado especial.
Três perguntas para
Cesinha Pivetta
Cantor e compositor
Como vai o samba em São Paulo?
Temos dezenas de comunidades: Sambas da Vela, da Feira e do Bule; Toca do Samba; Batalhão da Vagabundagem; e Pagode da 27, entre outras. Todas estão nas mídias sociais. Mais que roda de samba, o encontro de centenas de pessoas, sem vaidade ou bairrismo, reverencia mestres e incentiva novos compositores, essenciais para dar identidade à produção paulista.
Como você avalia esse movimento?
Ele faz com que fãs de outros gêneros se interessem pelo samba, além de aguçar os mais jovens a conhecer mais o assunto. São alternativas de lazer e cultura a baixo custo e com muitas opões. Você encontra partideiros e autores em cada esquina de São Paulo. Luiz Carlos Micharia, por exemplo, é morador de rua e um baita compositor.
Quem já tem disco e merece ser ouvido com atenção?
Guilherme Lacerda, Emerson Urso, Adriana Moreira, Flávia Oliveira, Fabiana Cozza e Pagode da 27. Essa nova geração está batalhando, suando a camisa. A rapaziada traz várias vertentes: do samba-canção, gênero hoje pouco ouvido, ao samba de terreiro. É legal cultivarem o partido-alto, o verso de improviso feito no momento. O Eugênio Gudin nos dá alicerce. Ele tem um bar e abre espaço para nós tocarmos.