Primeiro disco de músico estrangeiro editado no Brasil em sistema de crowdfunding (a popular “vaquinha”), o CD chega carregado de elogios e prêmios. Entrou no Top 5 do jornal espanhol 'El país', foi bem avaliado nas mais importantes listas de melhores de 2013 nos jornais gaúchos e recebeu na Argentina o Prêmio Gardel de disco do ano. Gravado em Buenos Aires, Montevidéu e Porto Alegre, o álbum é o primeiro de Drexler lançado no mercado americano e tem reflexos da bossa nova e da música gaúcha, com um canto suave que Daniel credita a suas audições da obra de João Gilberto.
Médico formado e irmão do oscarizado Jorge Drexler, ele faz um pop sofisticado com influência de gêneros folclóricos do Rio da Prata, como a milonga pampeana, o candombe, a chamarrita e a murga, somados a elementos de afoxé e bossa nova. Ele e o irmão usam desde 2005 usa a palavra “templadismo” para classificar o trabalho de uma geração de músicos gaúchos, argentinos e uruguaios que usam elementos de clima, topografia e características demográficas para criar uma estética que parte do regional para assumir influências e criar diálogos com o mundo globalizado. Um misto da estética do frio, de Vitor Ramil, com antropofagia e uma espécie de “tropicalismo dos pampas”, como ele mesmo tenta classificar.
Iniciado com o rock 'Mar abierto', em que prega “navegar nos mares da diversidade”, o disco tem milonga de sotaque gaúcho ('Cuando estalla'), bossa nova latina ('Maestra') e folk moderno ('La serena') e versos que falam de horizontes, portos, sereias, tempos velozes e siestas de verão. Daniel consegue navegar com felicidade pelos tempos líquidos usando o excesso de informação a seu favor.
Daniel Drexler lança quinto disco, 'Mar abierto'
Álbum é inspirado na música de Miles Davis e na filosofia do pensador polonês Zygmunt Bauman
O modus operandi do músico Miles Davis e a filosofia do pensador polonês Zygmunt Bauman foram inspirações para 'Mar abierto', quinto disco do uruguaio Daniel Drexler. De Miles ele herdou a forma de gravar o disco 'Kind of blue', com os músicos tocando juntos no estúdio, sem overdubs nem partes acrescentadas a posteriori. De Bauman vem a ideia de que vivemos em tempos líquidos, fluidos, onde tudo é incerto, variável. E ele busca usar essa fluidez em benefício de sua arte: “'Mar abierto' é assumir a essência do risco da modernidade líquida, e desfrutar dela. É estar na minha região e no mundo com uma atitude mais aberta possível, buscando criar pontes empáticas com tudo o que me rodeia.”