Violeiro dos mais inquietos, o paulistano Ricardo Vignini volta à cena ao lançar não um, mas dois discos de uma só vez. Apesar de ambas terem a viola como elemento central, são propostas totalmente diferentes. Enquanto 'Viola caipira – Duas gerações' registra encontro inédito dele com o veterano do instrumento Índio Cachoeira, Mano sinistra funciona como passo além em suas experiências com o rock, agora com som mais pesado do que nunca.
“É engraçado. Até março, não tinha planos de lançar nada, mas como tinha acabado de lançar o disco 'Matuto Moderno 5', gravado em 2011, começou a dar vontade de fazer alguma coisa diferente. Fui contemplado com o Prêmio Funarte da Música Brasileira para o projeto com o Cachoeira. Por que não lançar os dois juntos? Foi um presente que dei a mim mesmo, aos meus 40 anos”, conta Vignini.
Ele já flertava com o rock na banda 'Matuto Moderno' e surpreendeu ao lado do também violeiro Zé Hélder com releituras do gênero no projeto 'Moda de rock'. Mesmo assim, garante ele, foi uma experiência distinta com o 'Mano sinistra', no qual toca viola distorcida com o baixista Marcos Lucke e o baterista Paulo Thomaz. “Acho que é a música mais paulistana que já fiz, mesmo que sete das letras tenham sido escritas por um poeta mineiro de Patos de Minas, Paulo Nunes. Elas têm temática ácida e urbana, ao contrário do 'Matuto moderno'. Muitas foram compostas durante as manifestações de junho no Brasil”, diz.
Violas eletrificadas foram utilizadas por ele nesse registro. “São duas, uma afinada em cebolão em ré e a outra em rio abaixo. Nessa última me sinto o Keith Richards tocando”, conta Vignini. Os dois instrumentos foram construídos por luthiers brasileiros (Márcio Benedetti e o João Scremin) e uma das peculiaridades de sonoridade que buscou está no fato de que ele sempre toca essas violas com amplificadores valvulados em, volume máximo.
DUPLA
Já em Viola caipira – Duas gerações, a ideia é outra. “Quando tocamos na França, em 2012, muitas pessoas cobraram um CD em duo. Tem influência latina nesse álbum. Cachoeira e eu gostamos muito disso e gravamos músicas como Moliendo café e La Paloma”, explica. Apesar de Vignini acompanhar o veterano há alguns anos e de ter produzido quatro CDs e um DVD dele, esta foi a primeira vez que gravaram juntos.
“Isso é uma coisa que não rolaria de uma hora pra outra. Ainda me sinto um aprendiz quando estou perto dele. Demorei muito tempo para conseguir imprimir um pouco da minha identidade quando tocamos, mas hoje ele improvisa até Jimi Hendrix comigo. Cachoeira é meu grande mestre. Desde a primeira vez que o vi gravando, percebi que estava na frente de um gênio. É um dos maiores intérpretes de música de raiz, faz seu próprio instrumento e tem muita sofisticação nas suas composições. E ainda canta muito”, elogia.
Feliz com o atual momento, Vignini diz: “Hoje, a viola está presente em todos estilos musicais. Sempre sonhei com isso. Um dia toco com Rappin’ Hood, noutro com Andreas Kisser, com um bandoneonista na Argentina, depois com o pessoal da música caipira. É um grande barato e, independentemente de tudo isso, a música tem que ser de verdade. Costumo brincar que para aprender a tocar rock na viola primeiro tem que tocar pagodes do Tião Carreiro”.
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Ele já flertava com o rock na banda 'Matuto Moderno' e surpreendeu ao lado do também violeiro Zé Hélder com releituras do gênero no projeto 'Moda de rock'. Mesmo assim, garante ele, foi uma experiência distinta com o 'Mano sinistra', no qual toca viola distorcida com o baixista Marcos Lucke e o baterista Paulo Thomaz. “Acho que é a música mais paulistana que já fiz, mesmo que sete das letras tenham sido escritas por um poeta mineiro de Patos de Minas, Paulo Nunes. Elas têm temática ácida e urbana, ao contrário do 'Matuto moderno'. Muitas foram compostas durante as manifestações de junho no Brasil”, diz.
Violas eletrificadas foram utilizadas por ele nesse registro. “São duas, uma afinada em cebolão em ré e a outra em rio abaixo. Nessa última me sinto o Keith Richards tocando”, conta Vignini. Os dois instrumentos foram construídos por luthiers brasileiros (Márcio Benedetti e o João Scremin) e uma das peculiaridades de sonoridade que buscou está no fato de que ele sempre toca essas violas com amplificadores valvulados em, volume máximo.
DUPLA
Já em Viola caipira – Duas gerações, a ideia é outra. “Quando tocamos na França, em 2012, muitas pessoas cobraram um CD em duo. Tem influência latina nesse álbum. Cachoeira e eu gostamos muito disso e gravamos músicas como Moliendo café e La Paloma”, explica. Apesar de Vignini acompanhar o veterano há alguns anos e de ter produzido quatro CDs e um DVD dele, esta foi a primeira vez que gravaram juntos.
“Isso é uma coisa que não rolaria de uma hora pra outra. Ainda me sinto um aprendiz quando estou perto dele. Demorei muito tempo para conseguir imprimir um pouco da minha identidade quando tocamos, mas hoje ele improvisa até Jimi Hendrix comigo. Cachoeira é meu grande mestre. Desde a primeira vez que o vi gravando, percebi que estava na frente de um gênio. É um dos maiores intérpretes de música de raiz, faz seu próprio instrumento e tem muita sofisticação nas suas composições. E ainda canta muito”, elogia.
Feliz com o atual momento, Vignini diz: “Hoje, a viola está presente em todos estilos musicais. Sempre sonhei com isso. Um dia toco com Rappin’ Hood, noutro com Andreas Kisser, com um bandoneonista na Argentina, depois com o pessoal da música caipira. É um grande barato e, independentemente de tudo isso, a música tem que ser de verdade. Costumo brincar que para aprender a tocar rock na viola primeiro tem que tocar pagodes do Tião Carreiro”.