Não é por acaso que o nome do título do primeiro CD “cheio” da cantora e compositora carioca Clara Valente é uma expressão tipicamente feminina: 'Mil coisas'. E que ela tenha regravado 'Feminina', de Joyce Moreno, uma das típicas canções de mulher falando para mulher. Em boa parte das 13 faixas do CD, que foi precedido por um EP com três faixas autorais editado em 2010, a conversa é de mulher falando de suas... sei lá, mil coisas.
Na estreia ela assinava Anna Clara Valente. Depois, deixou de lado o Anna e já havia mostrado duas faixas e dois clipes na web antes de revelar o conteúdo completo do álbum, gravado no Rio entre maio de 2011 e abril de 2012. O clipe mais interessante é o de 'Ao cais', um desabafo que mescla amor e dor, feito depois do término de uma relação amorosa de cinco anos. O quase drama mereceu o formato de tango. E ela foi fundo, gravando música e clipe em Buenos Aires, com os músicos da Orquestra Típica Fernandez Fierro.
O cardápio musical é variado. A faixa de abertura e do título, que começa com o emblemático verso “eu cansei de tentar mudar pra ele me entender”, é um afrobeat latino com metais em brasa e levada dançante. Com o wurlitzer de Donatinho em destaque, 'Encanto' tem um balanço meio baiano e traz o mito da Iara Mãe d’Água numa abordagem atemporal, a partir de um mote pós D.R.: “Não, ele não vai voltar”. A sombra que se encara no espelho é o ponto de partida para a reflexão sobre identidade e relacionamento da minimalista 'Quis acreditar', antes de Deixa de demora, que tem um clima mais praieiro e carioca para falar de amor platônico.
'Vou sem perguntar' prega a hora e a chance do risco. A ciranda Pra te encontrar tem cheiro de praia e poderia ter sido gravada por Clara Nunes. Depois da 'Feminina', com pegada oitentista, vem 'Se eu falo', sambinha de dançar puladinho sobre as (in)decisões femininas que só as mulheres entendem. Na reta final, 'Um dia de sol', tema que inaugurou a carreira da compositora e traz uma fêmea exercendo o rancor de um caso terminado e sua esperada volta por cima. Os sopros são, mais uma vez, destaque. Pra terminar, o tango 'Ao cais traz veludo grená e drama' em versos como “dor que ascende no escuro/ definha o meu peito”. Grand finale.
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O cardápio musical é variado. A faixa de abertura e do título, que começa com o emblemático verso “eu cansei de tentar mudar pra ele me entender”, é um afrobeat latino com metais em brasa e levada dançante. Com o wurlitzer de Donatinho em destaque, 'Encanto' tem um balanço meio baiano e traz o mito da Iara Mãe d’Água numa abordagem atemporal, a partir de um mote pós D.R.: “Não, ele não vai voltar”. A sombra que se encara no espelho é o ponto de partida para a reflexão sobre identidade e relacionamento da minimalista 'Quis acreditar', antes de Deixa de demora, que tem um clima mais praieiro e carioca para falar de amor platônico.
'Vou sem perguntar' prega a hora e a chance do risco. A ciranda Pra te encontrar tem cheiro de praia e poderia ter sido gravada por Clara Nunes. Depois da 'Feminina', com pegada oitentista, vem 'Se eu falo', sambinha de dançar puladinho sobre as (in)decisões femininas que só as mulheres entendem. Na reta final, 'Um dia de sol', tema que inaugurou a carreira da compositora e traz uma fêmea exercendo o rancor de um caso terminado e sua esperada volta por cima. Os sopros são, mais uma vez, destaque. Pra terminar, o tango 'Ao cais traz veludo grená e drama' em versos como “dor que ascende no escuro/ definha o meu peito”. Grand finale.