“O propósito da capa era de algo que nos remetesse ao título, cujo significado é abstrato. Queria algo que soasse positivo, alegre e despojado em relação ao futuro”, explica Dinis, referindo-se às crianças na foto de 'Esperanto banto'. “Conheci o Clube da Esquina por meio de minha família”, revela o artista, que, na década de 1980, trocou a Divinópolis natal por Belo Horizonte. Ele cultiva amigos em Três Pontas, no Sul de Minas, terra de Bituca.
Admirador de Beto Guedes a Toninho Horta, passando por Gonzaguinha, Marcello elogia “o Clube e seus anexos”. Assim, ele abre espaço para justificar sua talentosa veia sambística, presente nas faixas 'Bendito samba', 'Meninice' e 'Pode procurar'.
“Sempre bebi do samba, cuja vertente chegou a mim por Noel Rosa, Adoniram Barbosa, Martinho da Vila e Benito de Paula”, lista. Para evidenciar essa veia, ele selecionou faixas com diferentes parceiros como Amaury Candido, Cássio Tiso e Júlio Costa Val.
Já a instigante faixa-título, que Dinis classifica de “um mambo que te quero tango”, foi escolhida pelo próprio Milton Nascimento, que divide a interpretação com ele. “A ideia é mostrar a linguagem universal que é a música”, explica, referindo-se à parceria com Beto Pantera e Chico Canela.
Energia
Marcello Dinis organiza a agenda do lançamento do disco, que deve começar em março. Em abril, ele vai fazer show em Tiradentes. 'Esperanto banto' foi viabilizado por meio do financiamento coletivo na internet. “É o disco de 50 anos, no qual gastei todas as minhas energias”, diz, assumindo certo cansaço em relação à carreira independente.
“Consegui algo que me representa, da capa (em projeto de Otávio Bretas) à sonoridade”, acrescenta, orgulhoso. As telas (Guido Boletti) do encarte se inspiraram nas músicas 'Corda bamba', da parceria com Helmut Gondim, e 'Passarinha', com Jorge Fernando dos Santos.