Billie Joe, do Green Day, e Norah Jones se unem no disco 'Everly Brothers'

Regravação conta com todas as faixas do clássico álbum da dupla , 'Songs our daddy taught us', rebatizado de 'Foreverly'

por Mariana Peixoto 10/01/2014 08:05

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Marina Chávez/Divulgação
O roqueiro Billie Joe e a jazzista Norah Jones mostram harmonia na homenagem aos Everly Brothers (foto: Marina Chávez/Divulgação)
Morto há uma semana aos 74 anos, Phil Everly, a metade mais discreta dos Everly Brothers, ganhou um tributo e tanto. O álbum 'Foreverly' uniu dois nomes dissonantes, Norah Jones e Billie Joe Armstrong, do Green Day. Bem, só na aparência, pois o registro das 12 canções comprova que a cantora de influência jazzística e o vocalista da banda de punk rock estão em plena sintonia. Juntos, releram 'Songs our daddy taught us' (1958), álbum que quando de seu registro original causou uma surpresa e tanto.

Os irmãos que firmaram seu nome na história do rock and roll por fazer a ponte do rock e da música country com um estilo de cantar harmonicamente irretocável (foram decisivos para as carreiras de Simon & Garfunkel e The Beach Boys) estavam apenas no início de sua discografia. Em vez de continuar entremeando versões de Ray Charles e Gene Vincent com suas próprias composições, foram atrás de sua herança sulista para 'Songs our daddy taught us'.

Gravado somente com violões, o trabalho reúne uma dezena de antigas canções folk e country, muitas delas lamentos sofridos que, como o próprio título diz, haviam sido apresentados pelo pai da dupla. Há dois anos, Billie Joe tomou contato com o álbum. Foi ele quem fez o convite para que Norah Jones o ajudasse a recriar a atmosfera. O álbum, gravado durante nove dias de 2013, em Nova York, foi a maneira encontrada pelo líder do Green Day “para gravar e cantar esses bonitos hinos em nome da tradição”.

Para a empreitada, coube a Norah Jones cantar as partes de Phil, que era responsável pelas harmonias agudas. Já Billie Joe encarnou a parte de Don, geralmente mais baixa. O acompanhamento de percussão e cordas, como no álbum original (aqui com todas as faixas recriadas, mas não necessariamente na mesma sequência), é mínimo. Há algumas intervenções de guitarra havaiana e rabeca.

Kentucky cai com perfeição para a intenção da dupla Jones/Armstrong, dando espaço para cada uma das vozes; 'Silver haired daddy of mine' tem um quê de Johnny Cash, enquanto 'Oh so many years', a despeito de sua letra chorosa, tem um clima quase solar, com uma guitarra rockabilly que garante outro clima à canção. A ideia não foi emular Phil e Don, mas apresentar, da maneira mais respeitosa possível e com algumas reinterpretações, músicas que fazem parte da história do cancioneiro norte-americano.

Cão e gato

Comparados aos irmãos Don e Phil Everly, Max e Igor Cavalera e Liam e Noel Gallagher são fichinha. Uma guitarra quebrada foi o que selou uma parceria de 20 anos. Em 1973, durante um show na Califórnia, Don, então viciado em Ritalin, apareceu bêbado no palco. Errando as letras sem parar, teve que sair de cena depois que o empresário da dupla mandou parar o show. Phil, irritado, quebrou seu instrumento.

A dupla só voltaria a se reunir 10 anos mais tarde (nesse período, os irmãos só se encontraram na morte do pai), quando, reunidos pelo guitarrista Albert Lee, fizeram um show no Royal Albert Hall, em Londres. Depois disso, gravaram o álbum EB 84, que tinha no repertório canções de Paul McCartney ('On the wings of a nightingale') e Bob Dylan ('Lay, lady, lay', oferecida pelo próprio). Aclamado pela crítica, esse disco deu lugar a produções irregulares de estúdio, como 'Born yesterday' (1986) e 'Some hearts' (1989). Os últimos shows que fizeram juntos foram há uma década atrás.

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