Em seu novo disco, Amilton Godoy gravou 11 temas de Léa Freire

Trabalho foi gravado sem truques nem invenções desnecessárias. Álbum virtual vem com partituras

por Kiko Ferreira 06/01/2014 07:30

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Rafael Ianni/Divulgação
(foto: Rafael Ianni/Divulgação)
Um teste interessante para saber se o Brasil tem chance de sair das trevas musicais da grande imprensa, que Léa Freire chama de “idade mídia”, é como serão lembrados e comemorados, em 2014, os 50 anos de fundação do Zimbo Trio, o mais longevo combo musical do país. Como teste, basta avaliar como será tratado e recebido o CD em que líder e fundador do trio relê a obra de Léa.


'Amilton Godoy e a música de Léa Freire' é uma rara oportunidade de ouvir o pianista sem baixo e bateria e sem a urgência necessária dos arranjos do Zimbo, prova de que é possível ser impecável tecnicamente e viável comercialmente em mais de 50 discos com repertório variado e o mesmo rigor nas interpretações sem sobras nem dobras. O Amilton solo faz justiça aos termos com que a autora dos 11 temas se refere a seu estilo: um “pianista feliz” que entende e dribla as “maldades musicais” de uma compositora que exige muito de seus intérpretes, num estilo em que “não existe impaciência nem ansiedade”.


A complexa simplicidade da obra de Léa Freire pode ser entendida pela trajetória da musicista, que começou estudando piano, passou para o violão e se tornou uma excelente flautista autodidata. Tocou rock, samba, jazz e MPB; foi influenciada tanto por Guarnieri, Villa-Lobos e Jobim como por Jackson do Pandeiro, Moacir Santos e Batatinha. Fundadora do selo Maritaca, já produziu mais de 40 discos de alta qualidade, tem álbuns antológicos com o trombonista Bocato, com Guilherme Vergueiro e muitos outros artistas de música adulta e, recentemente, fundou o ótimo quinteto Vento em Madeira, com dois elogiados discos lançados.


O disco, que sai junto com um álbum virtual de partituras, foi gravado sem truques nem invenções desnecessárias pelo músico Rafael Altério, num clima de tranquilidade semelhante ao do 'Triz' de Sérgio Santos, André Mehmari e Chico Pinheiro. O mais interessante do CD é perceber como algumas músicas (incluindo a que nome ao grupo) já gravadas pelo Vento em Madeira são (re)vistas por ótica que não rivaliza com o registro original e fornece mais elementos para apreciar o talento de Léa como compositora.



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