Os quatro já se conheciam e haviam tocado em diversas formações, mas nunca todos juntos no mesmo projeto. “Eduardo e Luís já haviam gravado em discos meus e já tinha feito alguns trabalhos com o Celsinho. A gente se encontrava em festivais de verão e inverno. Um dia sugeri juntarmos a galera e, coincidentemente, fomos participar do mesmo evento, em Pelotas (RS). Aí, pensamos em algo autoral”, conta Caetano.
Ele e Neves são os principais colaboradores do repertório, com quatro composições, cada (fizeram juntos uma delas, Chorinho em Cochabamba). Barcelos assina três e Silva apenas uma, em parceria com Dininho. “Fomos ouvindo, escolhendo repertório e gravamos bem rápido. A empatia musical foi muito grande e, entre nós, já temos estabelecidas as linguagens do choro e do samba. Foi só tocar junto, como se fosse hora do recreio. Todo mundo toca fácil e saiu tudo de primeira”, conta Rogério.
Na opinião dele, o disco reúne referências não apenas de samba e choro, mas também de valsa, baião e uma pitada de música latina. “É um trabalho bem eclético, ao mesmo tempo que é totalmente brasileiro. O que prima nesse disco é a liberdade. Tivemos bases para a melodia e harmonia. Para o resto, foi tudo no improviso”, afirma.
Aço
Uma das peculiaridades de Só alegria está no fato de Caetano usar violão de sete cordas de aço (em vez de náilon). “O violão de sete cordas mais tradicional no Brasil é o de aço. O de náilon veio depois. Sou o pioneiro no uso dele como instrumento solista, no meu disco Pintando o sete, de 2005. O violão com cordas de aço tem som mais penetrante, mais volume e toca-se com dedeira. Parti do que o Dino Sete Cordas e o Raphael Rabello fizeram e acrescentei minhas ideias”, observa. (ETG)