Baixista Sidiel Vieira lança seu primeiro disco, à frente de um quinteto

Álbum marca também estreia do paulistano como compositor. O jazz está na base do repertório

por Eduardo Tristão Girão 27/12/2013 11:00

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Dani Gurgel/Divulgação
Sidiel Vieira conta que já começou a montar repertório para um segundo álbum (foto: Dani Gurgel/Divulgação )
Nada como estar no lugar certo e na hora certa. O paulistano Sidiel Vieira tocava seu baixo acústico num clube de jazz da cidade sem saber que, na plateia, um empresário esloveno, que também é mecenas de músicos brasileiros, o observava atentamente. O artista não tinha composições próprias e um disco ainda era algo no plano das intenções distantes. Entretanto, ao fim da noite, ele recebeu a tentadora proposta de ter seu primeiro disco patrocinado. Assim nasceu o bom 'Sidiel Vieira Quinteto'.

“Foi a partir disso que comecei a compor”, lembra o baixista de 32 anos. Ele já havia arranjado algumas músicas de terceiros, mas nunca parado para escrever suas próprias peças. Como ele mesmo gosta de definir, “foi tudo no susto”. Para se ter ideia, o tempo entre o tal convite e o término da gravação (junho de 2011) foi de aproximadamente quatro meses.

O piano foi escolhido como instrumento principal para dar vazão à criatividade de compositor, raramente usa o baixo para essa tarefa. Apenas as faixas 'Aos mestres baixistas do samba jazz' (que abre o disco) e Tenebroso foram escritas originalmente no instrumento de quatro cordas. A propósito, todas as músicas e arranjos são assinados por Sidiel.

Algo de Charles Mingus paira sobre algumas peças, com a diferença que Sidiel Vieira, ao contrário do lendário baixista e compositor norte-americano, se permite mais liberdade para solar – sem exageros. Dominando com talento a linguagem do jazz tradicional, ele também brilha ao fundir essa matriz ao funk ('Tenebroso') e afoxé ('Olha, está amanhecendo'), conseguindo manter coesão no trabalho, sem deixar que vire uma salada. As lentas Canção de outono e 'Sete vidas' são pontos altos.

Maré

“Não tinha pretensão de gravar na época, talvez até por não me sentir preparado para isso. Por ser meu primeiro disco, acabei reunindo na sonoridade um pouco de tudo que já ouvi. De Moacir Santos a Ray Brown e Dave Holland, uma mistura de tudo mesmo. 'Contemporâneo', do Dori Caymmi, recentemente se tornou meu disco de cabeceira. Também tenho escutado 'End of an era', do trompetista Philip Dizack, e um pouco de música clássica”, conta Vieira.

Para registrar as oito músicas que escreveu, Sidiel chamou o irmão Sidmar (trompete), Jefferson Rodrigues (saxofone), Felipe Silveira (piano) e Serginho Machado (bateria). Essa formação foi criada só para o disco, mas o entrosamento foi tanto que, além de ter sido mantida para continuar divulgando o projeto do baixista, poucos meses depois o irmão aproveitou a boa maré para gravar seu próprio disco com os mesmos instrumentistas.

Não por acaso novas músicas estão surgindo para dar corpo ao segundo álbum do baixista, prometido para o ano que vem. A agenda começa a ser preenchida com mais compromissos: há dois shows agendados para o início de 2014. Paralelamente, Sidiel Vieira está tocando no trio do baterista Celso de Almeida, que acompanha a cantora Rosa Passos, e com os pianistas Débora Gurgel e Pepe Cisneros, cubano radicado em São Paulo.


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