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Apesar de cantada na língua de Cabo Verde, 'Ténpu ki bai', faixa que abre o álbum, pode causar alguma estranheza aos que esperam a típica sonoridade atlântica do arquipélago africano em função da levada pop, pontuada pela guitarra. O mesmo vale para a canção seguinte, 'We used to call it love', obviamente em inglês, mas com andamento mais para o pop francês atual. Build it up já remete, por sua vez, ao que faz a nova leva de cantoras brasileiras por aqui.
Sopro cabo-verdiano só vai aparecer na quarta música, 'Ilha de Santiago', com versos em crioulo local e o cavaquinho característico de lá a executar ritmo que tem algo da morna – uma interessante releitura desse ritmo que é automaticamente associado a Cesaria Evora. Algo semelhante é feito em 'A-mi n kre-u txeu' e, de forma mais discreta (a proximidade do reggae fica considerável) em Rosa e Les mots d’amour. Já o tempero caribenho de Téra lonji faz desta uma das canções mais gostosas de se ouvir do disco.
Ecletismo
Resumindo, sair do quintal fez bem a Mayra, que entregou um disco bom de ouvir, com algum ecletismo e diferente dos que já havia posto na praça, mantendo conexão com Cabo Verde, que é seu trunfo inegável. Assinando com parceiros várias das 13 canções que integram o álbum, ela mostra que tem condições de seguir surpreendendo o ouvinte.
Ainda que a sonoridade atual não esteja tão próxima do Brasil como antes, os brasileiros não deixaram de estar presentes em 'Lovely difficult'. Além de figurar nos agradecimentos (as cantoras Márcia Castro e Mariana Aydar, entre outros), participaram de algumas faixas, a exemplo de Jaques Morelenbaum (violoncelo em 'Meu farol') e Zé Luís Nascimento, percussionista que a acompanha desde trabalhos anteriores.
Confira o clipe da faixa 'We Used to Call it Love':