Pobre, de origem humilde, dono de uma cabeleira bem brasileira, Reginaldo Rossi reunia todos os aspectos desprezados por uma indústria do show businness ávida por sinais de perfeição. O sucesso conquistado de forma gradativa, no entanto, demoliu prováveis empecilhos à trajetória artística.
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A performance no palco, as brincadeiras, músicas e referências sexuais sem pudores pavimentaram o apreço de públicos e artistas de gêneros musicais distintos. Querido do rock ao sertanejo, do forró ao mangue beat, ele arrastou da cozinha para a sala de estar o brega apedrejado publicamente, mas vivenciado às escuras nas noites, nos bares, na rotina por vezes indescritível. Sobre o palco, desfiou as metades da alma humana. As dores mais renegadas da traição, da desilusão, da saudade e da paixão bandida. Os sabores mais desejados dos amores, das conquistas, da beleza e da vida. Ignorou recortes e costumes. Quebrou barreiras sociais e econômicas. Entrelaçou ricos e pobres, mulheres e homens em torno de letras e composições. Foi o homem de chinelo no pé, na mansão ou no barraco.
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Mas os óculos escuros, parceiros de toda sorte, estão órfãos. No balcão, sobra o vazio. Palco e microfone se enchem de ausência, da partida sem hora para voltar. Os fãs, chifrados pela morte, encaram o gole amargo da despedida. E nem adianta lamentar. Rossi pediu a conta da vida. E, com muita saudade, todos nós vamos pagar.