O sucesso da primeira apresentação do 'Concerto sacro', de Duke Ellington, em outubro, foi tamanho que o Coral Lírico de Minas Gerais e a Big Band do Palácio das Artes voltam à cena, sábado, em récita única, no Grande Teatro do Palácio das Artes. Sob regência do maestro Lincoln Andrade, o público terá a raríssima oportunidade de conferir um apanhado dos três concertos que o músico norte-americano compôs, rearranjados pelos dinamarqueses John Hoybye e Peder Pedersen.
Trata-se de espécie de 'the best of', pérolas que os dois músicos resolveram reescrever a partir de audições. “Eles reescreveram as partes instrumentais e harmonizaram a vocal, quando o coro passou a ser fundamental nas apresentações”, relata Lincoln Andrade, que adquiriu exemplar da obra há uma década, quando morava nos Estados Unidos. “Trouxe a edição para o Brasil e aguardava uma oportunidade de fazê-la com um grupo bacana”, comemora o regente, que, além do coro e da big band, conta com a soprano Rita Medeiros nos solos e o bailarino alemão Steve Haroper, radicado no Brasil, no sapateado.
“No concerto, a religião de Duke Ellington é a liberdade do princípio ao fim”, afirma o regente titular do Coral Lírico, lembrando que o músico e compositor visitou os EUA inteiro com o repertório. “Ele e uma big band iam de ônibus, procuravam igrejas que tinham coros e ensaiavam a apresentação”, acrescenta Lincoln Andrade. Para o maestro, a iniciativa de Duke Ellington foi algo especial, “principalmente em se tratando de uma sociedade fria e frívola como a norte-americana”.
“Na década de 1970, Duke Ellington arregimentava o país inteiro, percorrendo as cidades de ônibus para apresentação”, observa, admitindo que, musicalmente, o concerto é um espelho da obra do compositor. “Tem hip-hop, blues, jazz na essência”, enumera os gêneros musicais que perpassam os três concertos sacros que escreveu, repletos, ainda, de jingles e baladas. Como a big band tocava com Duke Ellington há mais de 40 anos, o maestro lembra que o compositor sequer escrevia as peças. “Ele só introduzia e a banda o acompanhava”, salienta, acrescentando que as obras só foram escritas depois de sua morte, em 1974.
O período natalino, como diz o maestro, é altamente oportuno para a apresentação de uma obra do gênero, que inclui a suíte 'Liberdade', em seis movimentos, na qual há uma recitação (em inglês) do coro. “Liberdade é uma palavra que é falada e cantada, alto e suavemente, ao redor do mundo, em muitos idiomas”, diz a tradução. A certa altura, enquanto o coro canta à capela, os cantores falam a palavra liberdade em 11 idiomas.
Erudito e popular
Dividida em 10 peças, a obra do compositor americano traduz as lutas pelas causas sociais da década de 1960. Em Freedom, por exemplo, Duke Ellington exalta a liberdade em sete movimentos que dão o tom ideológico, religioso e musical de todo o concerto. “Há vários coloridos musicais que representam um resumo da linguagem jazzística norte-americana”, ressalta Lincoln Andrade. A apresentação revela o diálogo entre erudito e popular, evidenciado pela qualidade artística dos dois grupos artísticos envolvidos no concerto. “Esse é um concerto híbrido. A música das Américas, de modo geral, é assim. Às vezes, as pessoas ficam tentando rotular a música de popular ou de erudita. Mas já existe um rótulo: híbrido”, esclarece o maestro.
CONCERTO SACRO
Spabado, às 20h30. Grande Teatro do Palácio das Artes, Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. Entrada franca. Duração: 54 minutos. Classificação livre. Informações: (31) 3236-7400.
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“No concerto, a religião de Duke Ellington é a liberdade do princípio ao fim”, afirma o regente titular do Coral Lírico, lembrando que o músico e compositor visitou os EUA inteiro com o repertório. “Ele e uma big band iam de ônibus, procuravam igrejas que tinham coros e ensaiavam a apresentação”, acrescenta Lincoln Andrade. Para o maestro, a iniciativa de Duke Ellington foi algo especial, “principalmente em se tratando de uma sociedade fria e frívola como a norte-americana”.
“Na década de 1970, Duke Ellington arregimentava o país inteiro, percorrendo as cidades de ônibus para apresentação”, observa, admitindo que, musicalmente, o concerto é um espelho da obra do compositor. “Tem hip-hop, blues, jazz na essência”, enumera os gêneros musicais que perpassam os três concertos sacros que escreveu, repletos, ainda, de jingles e baladas. Como a big band tocava com Duke Ellington há mais de 40 anos, o maestro lembra que o compositor sequer escrevia as peças. “Ele só introduzia e a banda o acompanhava”, salienta, acrescentando que as obras só foram escritas depois de sua morte, em 1974.
O período natalino, como diz o maestro, é altamente oportuno para a apresentação de uma obra do gênero, que inclui a suíte 'Liberdade', em seis movimentos, na qual há uma recitação (em inglês) do coro. “Liberdade é uma palavra que é falada e cantada, alto e suavemente, ao redor do mundo, em muitos idiomas”, diz a tradução. A certa altura, enquanto o coro canta à capela, os cantores falam a palavra liberdade em 11 idiomas.
Erudito e popular
Dividida em 10 peças, a obra do compositor americano traduz as lutas pelas causas sociais da década de 1960. Em Freedom, por exemplo, Duke Ellington exalta a liberdade em sete movimentos que dão o tom ideológico, religioso e musical de todo o concerto. “Há vários coloridos musicais que representam um resumo da linguagem jazzística norte-americana”, ressalta Lincoln Andrade. A apresentação revela o diálogo entre erudito e popular, evidenciado pela qualidade artística dos dois grupos artísticos envolvidos no concerto. “Esse é um concerto híbrido. A música das Américas, de modo geral, é assim. Às vezes, as pessoas ficam tentando rotular a música de popular ou de erudita. Mas já existe um rótulo: híbrido”, esclarece o maestro.
CONCERTO SACRO
Spabado, às 20h30. Grande Teatro do Palácio das Artes, Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. Entrada franca. Duração: 54 minutos. Classificação livre. Informações: (31) 3236-7400.