Carioca Vulgue Tostoi lança disco 'II'

No novo trabalho o Duo explora sons mais orgânicos, criados a partir do violão

por Mariana Peixoto 18/12/2013 08:30

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Roberto Marques/Divulgação
J. R. Tostoi e Marcello H exploram cordas e metais em um projeto multifacetado e vigoroso (foto: Roberto Marques/Divulgação )
Foram 13 anos de hiato entre o primeiro e o segundo álbum. Antes um trio, hoje um duo – J. R. Tostoi (voz e guitarra) e Marcello H (voz, guitarra e programações) –, o Vulgue Tostoi apresenta agora 'Sistema delirante amplo e defasado da realidade', ou simplesmente 'II', disco gerado nos último cinco anos. Formação carioca das mais celebradas do cenário independente da última década, tornou-se quase que um projeto ocasional dada a agenda de Tostoi, produtor e principal integrante da banda de Lenine.


Foi de seu estúdio Ministereo que saíram os celebrados 'Falange canibal' (2002), 'Labiata' (2008) e 'Chão' (2011), mais recentes álbuns de carreira do parceiro pernambucano. Assim como Tostoi levou para Lenine referências eletrônicas que permearam de uma maneira ou outra esses trabalhos, a recíproca é verdadeira. 'Impaciência' (2000), disco de estreia do Vulgue Tostoi, foi criado em cima de interferências eletrônicas e ruídos inspirados na poesia concreta. Já 'II' é um trabalho mais orgânico, criado a partir do violão.


Mas esqueça qualquer convencionalismo. Em 16 faixas, sem qualquer divisão entre elas, a dupla constrói uma teia interessante, cheia de camadas que vão sendo descobertas a cada nova audição. Num mesmo disco, a dupla expõe vertentes mais palatáveis, como na suingada Coliseu, marcada por metais (Jesse Sadok, Zé Canuto e Aldivas Ayres) e com refrão pop, a outras mais experimentais, como na instrumental 'No bar Rebouças com Morricone', um duelo das cordas de Tostoi com as baquetas de Pantico Rocha, outro integrante da banda de Lenine que gravou a maior parte das baterias do álbum.


Lenine, por sinal, participou de 'Samba' do silêncio, marcada por cordas – ele gravou os dois primeiros versos de 'Lembranças', antiga canção de Benil Santos e Raul Sampaio citada no final da canção. Já Kátia B marca presença em Doce, canção que passeia em diferentes climas, faixa que é sucedida por Som se parte, música mais delicada do disco, com belo arranjo vocal e um clima quase folk.


A delicadeliza, contudo, é apenas aparente. 'Bomber' tem um peso de rock industrial, enquanto 'Na Casa da Matriz' (conhecido reduto do underground do Rio de Janeiro) é caracterizada pelos ruídos. Sempre imprevisível, o Vulgue Tostoi comprova com 'II' por que é uma das formações mais interessantes da cena carioca, ainda que de produção bissexta.



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