Talvez cansados do lado crooner que o parceiro Ian McCulloch tem deixado à mostra de uns tempos para cá – como se não bastassem os mornos álbuns gravados pela banda-matriz na última década, o vocalista lançou em 2013 um álbum duplo acústico e recheado de baladas em arranjos orquestrais –, o guitarrista Will Sergeant e o baixista Les Pattinson, também fundadores do mítico Echo & The Bunnymen, resolveram ir à forra e montar o projeto Poltergeist. Ao lado do baterista Nick Kilroe (ex-Black Velvets), eles resolveram se embrenhar em um trabalho radical, eletrificado e totalmente instrumental, cujo resultado foi colocado à prova no álbum 'Your mind is a box'.
Mesmo considerando remotas as chances de o disco de estreia do Poltergeist ser lançado oficialmente no Brasil, vale a pena divulgar o esforço independente de Sergeant e Pattinson. Como seria de se esperar, a sonoridade do recém-formado trio foi embasada em estruturas melódicas que remetem especialmente às primeiras e mais psicodélicas gravações do E&TB. Porém, Poltergeist é mesmo um 'outro' animal. Evocando a um só tempo o significado original da palavra – em alemão, poltern significa ruído, e geist, espírito –, bem como aquele tipo de evento sobrenatural que batizou o clássico filme de Tobe Hooper, a banda presta homenagem aos delírios forjados em magma e aço pelo assim chamado kraut-rock; subgênero progressivo que vingou na década de 1970 na Alemanha, com os cultuados Neu!, Can, Cluster, Guru Guru e Amon Duul II.
Também conhecido como motorik, termo cunhado pela imprensa alemã em alusão à batida repetida em 4/4 que propulsionaram lisérgicos transes sônicos, o kraut-rock (ou “rock-chucrute”) deu origem a múltiplas vertentes e tendências. Algumas delas capazes de sobreviver ao teste do tempo e exercer inequívoca influência em gerações subsequentes. Que o digam artistas como David Bowie, Afrika Bambaataa, Joy Division, Brian Eno, Sonic Youth, My Bloody Valentine, Primal Scream, Mogwai, Radiohead, Mars Volta, LCD Soundsystem e Tame Impala, entre outros.
“Nossas composições foram geradas em um contexto de rock com os dedos dos nossos pés patinando sobre a espuma do oceano do prog e do kraut-rock e nossas cabeças ventiladas pelo ar seco da atualidade”– assim foi como Sergeant poeticamente tentou explicar o processo criativo por trás do Poltergeist. Se alguém ficar na dúvida diante da explanação do músico, vale seguir o conselho que o próprio estampou na contracapa de 'Your mind is a box': “Ouça este disco no volume máximo e com as luzes apagadas”. Uma senha que certamente haverá de descortinar portais para outras dimensões aurais, onde guitarras transbordantes de microtons em ré e efeitos phaser, flanger, fuzz e tremolo de faixas como 'Cathedral', 'Psychic warfare', 'Dawn visits the garden of evil' e 'The book of pleasures' vão arremessar o ouvinte numa vertiginosa viagem sensorial dos mais paradisíacos píncaros celestiais às ameaçadoras profundezas dos nove círculos do inferno.
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Também conhecido como motorik, termo cunhado pela imprensa alemã em alusão à batida repetida em 4/4 que propulsionaram lisérgicos transes sônicos, o kraut-rock (ou “rock-chucrute”) deu origem a múltiplas vertentes e tendências. Algumas delas capazes de sobreviver ao teste do tempo e exercer inequívoca influência em gerações subsequentes. Que o digam artistas como David Bowie, Afrika Bambaataa, Joy Division, Brian Eno, Sonic Youth, My Bloody Valentine, Primal Scream, Mogwai, Radiohead, Mars Volta, LCD Soundsystem e Tame Impala, entre outros.
“Nossas composições foram geradas em um contexto de rock com os dedos dos nossos pés patinando sobre a espuma do oceano do prog e do kraut-rock e nossas cabeças ventiladas pelo ar seco da atualidade”– assim foi como Sergeant poeticamente tentou explicar o processo criativo por trás do Poltergeist. Se alguém ficar na dúvida diante da explanação do músico, vale seguir o conselho que o próprio estampou na contracapa de 'Your mind is a box': “Ouça este disco no volume máximo e com as luzes apagadas”. Uma senha que certamente haverá de descortinar portais para outras dimensões aurais, onde guitarras transbordantes de microtons em ré e efeitos phaser, flanger, fuzz e tremolo de faixas como 'Cathedral', 'Psychic warfare', 'Dawn visits the garden of evil' e 'The book of pleasures' vão arremessar o ouvinte numa vertiginosa viagem sensorial dos mais paradisíacos píncaros celestiais às ameaçadoras profundezas dos nove círculos do inferno.