Musica

Rudimental abusa de melodias nos subgêneros grime, dancehall e garage

Álbum de estreia, 'Home', conta com alguns convidados, entre eles a negra zâmbio-escocesa Emeli Sandé

Arthur G. Couto Duarte

Egressa do subúrbio londrino de Hackney, Rudimental é uma formação musical fadada a tomar o lugar antes ocupado por Soul II Soul, Basement Jaxx, Breathless e Massive Attack. Quando mal haviam ensaiado suas primeiras maquinações, entre 2010 e 2011, Piers Agrett, Kesi, Dryden, Amir Amor e DJ Locksmith já davam prova de seu potencial em singles como 'Deep in the valley', 'Speeding' e 'Spoons', para os quais baldearam batidas e melodias angariadas nos subgêneros grime, dancehall, garage e dubstep.


Mas a entronização de seus crossovers só ocorreu de fato em maio de 2012, quando 'Feel the love' e sua insidiosa levada drum’n’bass catapultaram o grupo não só ao primeiro lugar da parada inglesa, mas também ao topo das listas dos discos mais vendidos na Alemanha, Escócia, Austrália, Holanda, Irlanda, Bélgica e Nova Zelândia. Sem tempo nem disposição para perder o território conquistado, Rudimental logo começou a angariar fãs em novas fronteiras com 'Home'.

Nesse que é seu álbum de estreia, o conglomerado de produtores e DJs explora um truque validado pelos antecessores Soul II Soul e Massive Attack: nas suas 12 canções, vários vocalistas convidados se revezam, emprestando distinção ao febril jogo de luzes e sombras que incide sobre os múltiplos ritmos. E Rudimental foi buscar na voz da negra zâmbio-escocesa Emeli Sandé o élan que faltava para alavancar os hits 'Free' e 'More than anything'. Dona de um timbre a um só tempo grave e aveludado, ela realmente confere um brilho à parte ao som do Rudimental.

Quase ao mesmo nível de Sandé, a revelação Louise Rose “Foxes” Allen diz a que veio na exultante Right here. Astro da cena breakbeat, o inglês John Newman é a fera por trás do estouro transcontinental da já mencionada Feel the love; com seu inovador arranjo de metais. Adiante, a novata Ella Eyre não deixa pedra sobre pedra na mescla de funk líquido, neosoul e drum’n’bass da tonitruante Waiting all night, enquanto a autoproclamada “pansexual” rapper norte-americana Angel Haze ajuda o Rudimental a reduzir todo o resto de Home a cinzas depois de atear fogo na libidinosa e apropriadamente intitulada 'Hell could freeze'.