Há pelo menos 10 anos os discos de Mindelis, são lançados pela Shining Stone. Robillard, que se tornou sócio da gravadora, já o conhecia, o que facilitou o trabalho em conjunto. “Ele tem um lado produtor bem acurado, trabalhou com Bob Dylan, Tom Waits e muitos outros. Deu toque analógico muito bom ao disco, tanto na gravação como na mixagem e na masterização. Além disso, definiu a banda dele para o trabalho. Cuidadoso, escolheu até os microfones”, o artista.
Misturas
'Angels & clowns' foi registrado no estúdio da gravadora em fevereiro. Consciente do foco da empresa, o blues, Mindelis conta ter evitado fazer um disco puramente do gênero. Das 13 composições, 11 são inéditas, a maioria composta de um ano para cá. Apenas duas não foram escritas por ele: 'It’s only a dream' e 'Miss Louise', ambas de Jorn Reissner. A banda ficou formada por Bruce Bears (teclado), Brad Hallen (baixo) e Mark Teixeira (bateria e percussão). Robillard (guitarra) e Sunny Crownover (voz) fizeram participações especiais.
O artista, que já colocou samba, rap e música eletrônica no blues, acredita que essa capacidade de misturar deve ser dominada por qualquer bluseiro do mundo, e não apenas os brasileiros. “Quando os ingleses misturaram blues de Chicago e do Delta com eletricidade e rockabilly, deu Rolling Stones, Led Zeppelin, Pink Floyd”, lembra. “Nos Estados Unidos, deu Grateful Dead, The Doors, Allman Brothers, Janis Joplin. Hendrix levou a guitarra e o blues ao extremo e olha no que deu. Tudo aquilo virou outra coisa e coisa muito boa. Tão boa que arrebatou um monte de gerações, virou pop e está aí até hoje encantando a molecada,”
A propósito, Mindelis quer retomar a experiência que teve ao cantar em português em dois discos seus, 'Blues & derivados' (1990) e 'Outros Nunos' (2005). “Já sei que a gravadora vai querer outro disco nos moldes do que acabei de lançar, por isso vou ter que achar tempo e foco para fazer os dois projetos. Vou pensar nas parcerias. Gosto da Zélia Duncan, é sempre um privilégio e uma alegria trabalhar com ela. Também já fiz algumas coisas não editadas com o Arnaldo Antunes. De repente…”, especula.