Agora, vem bem acompanhado. A cozinha, desde sempre o ponto forte da banda, conseguiu um nome de peso. Jeff Barnes, produtor norte-americano que atualmente responde pelo baixo do Chic, assumiu a produção. A reboque, trouxe o guitarrista Nile Rodgers, um dos nomes mais celebrados do ano graças à participação em 'Random access memories', do Daft Punk. Os gringos levaram o álbum para outra seara (há três engenheiros também dos EUA e a masterização foi feita em Los Angeles). Prolífico em parceiros e participações, FFBB tem dois outros coprodutores, Adriano Cintra (ex-CSS) e Pretinho da Serrinha (Seu Jorge), mais o percussionista Mauro Refosco (atualmente com o Red Hot Chilli Peppers), China, Seu Jorge, Gabriel Moura e uma pá de gente. Mas não se engane. A despeito da roupagem, o Jota fez um disco absolutamente pop, festeiro. 'Mandou bem', primeiro single em alta rotação nas rádios, é prova disso. Com uma parede sonora potente, a primeira música com a assinatura da guitarra de Rodgers ganhou logo o gosto do público. 'Imperfeito', outra gravada por Rodgers, pode seguir o mesmo caminho (e assinatura da guitarra dele realmente faz a diferença). Cheia de efeitos eletrônicos (inclusive vocoder), Entre sem bater abre o álbum, seguida de 'Ela é do Rio', outra dançante, com letra despretensiosa. 'Um tempo de paz' é uma típica canção radiofônica de refrão grudento; 'Jota Quest convidou' tem um lado samba-rock, daquelas músicas de baile que Seu Jorge (um dos autores) faz com maestria. O clima arrefece em 'Waiting for you', reggae lento que tem uma versão mais dançante no final do álbum; 'Realinhar', balada soul composta com China; e 'Dentro de um abraço' (adaptação de texto de Martha Medeiros). É pouco levando-se em consideração um universo de 15 faixas. “É um disco que volta às origens, de uma banda leve que não quer mudar o mundo”, resume Flausino. Duas perguntas para… Rogério Flausino, cantor e compositor
Numa época em as bandas lançam EPs vocês chegam com um disco com 15 faixas e quase uma hora de duração. Por quê? Desde o começo o nosso papo era fazer um disco de 10, 11 músicas. No final tínhamos 20 e estávamos apaixonados por elas. Não lembro quem falou “tem cinco anos que a gente não lança disco novo, vamos colocar um monte de música mesmo”. Vai que demoramos outros cinco? E fizemos na última semana dois ensaios abertos (um em Curitiba e outro em Lorena, interior de São Paulo), quando tocamos sete novas. Elas desceram redondo, um monte de gente cantava os refrões das novas. Isso é um bom sinal, de que é um disco acessível. A produção do Jeff Barnes pesou muito na decisão de fazer um álbum que enfatizasse o lado soul/funk da banda? Na verdade, estávamos cozinhando a ideia de um disco dançante, que trouxesse a alma do início da carreira. Estou muito feliz porque fiz o disco que queria. Somos uma banda que tem que tocar no rádio. Isso deixa todo mundo feliz: nós, os fãs, a gravadora. Aliamos a cozinha tradicional do Jota, de soul/funk/disco, com letras simples, que falam do nosso dia a dia. É um papo para a galera, não tem papo-cabeça. Ouça à faixa 'Imperfeito', de Jota Quest feat. Nile Rodgers:
Ouça ao álbum 'Funky funky boom boom', na íntegra: