Querido pelos amigos, que foram se despedir dele ontem de manhã, a perda de Carlos Eduardo Prates deixa um grande vazio. Dono de um grande talento musical, que fez dele um dos maestros mais requisitados de seu tempo, Prates começou os estudos em Belo Horizonte. Já em 1963, ao conquistar o primeiro lugar no concurso para Jovens Regentes de São Paulo, partiu para a Alemanha com uma bolsa de estudos. Lá teve como professores Herbert von Karajan, Ahlendorf, Ueter e Fritz Neumeyer. Era o início de uma vitoriosa carreira, com reconhecimento internacional, a ponto de ter sido regente titular do Theatre des Westens, em Berlim, e aclamado em apresentações nos Estados Unidos, onde a crítica o chamou de “o jovem Bernstein da América do Sul” .
Dedicado à música a vida inteira, embora há um bom tempo estivesse sem reger, Carlos Eduardo Prates costumava dizer que era um pedagogo por vocação, mas um maestro por devoção. “Minha grande missão como músico é reger e fazer a grande música, aquela que é a verdadeira fonte de emoção e beleza para os outros seres humanos”, disse certa vez. “Minha função principal é ser intérprete. Esta é a grande responsabilidade: fazer reviver, através de minha concepção individual, a autenticidade das obras de grandes gênios.”
Além da sua carreira internacional, com apresentações em dezenas de países, Carlos Eduardo Prates exerceu diversas funções no Brasil, como regente titular da Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC e do Coral da Rádio MEC, além de ter sido membro do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro. Em Belo Horizonte, foi regente da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e regente titular do Centro de Produção Lírica do Palácio das Artes. Irmão da poeta Yeda Prates Bernis, era casado com Haydée Ulhôa Cintra, com quem teve uma filha, a cantora lírica e atriz Tânia Prates, que atualmente vive na Holanda.
DEPOIMENTOS
Maria Lúcia Godoy,
cantora lírica
“Carlos Eduardo Prates era de uma natureza musical por excelência. Durante muitos anos, além de ter exercido diversas outras funções, foi regente do Madrigal Renascentista. Música à parte,o Caiado tinha também uma grande paixão pela pescaria. Ele era um homem muito natural e simples.”
Palhano Júnior,
produtor cultural
“O Caiado era meu amigo desde os tempos da adolescência, no Minas Tênis Clube. Era um homem de extraordinária espontaneidade criativa, o que o diferenciava de todos os outros artistas que conheceu. Tinha um temperamento explosivo, sua marca registrada. Mas, muito além disso, era uma pessoa ótima, de um coração imenso.”
Pedro Paulo Cava
diretor de teatro
“Conheci o Caiado ainda na infância, pelo fato de a família da sua mulher, Haydée, viver no mesmo prédio onde eu morava, no Centro de Belo Horizonte. Desde então, tivemos uma boa convivência, e nos anos de 1980 fizemos juntos a ópera A flauta mágica, de Mozart. Ele era uma pessoa admirável, e vai deixar muitas saudades.”