Segundo Érika, a apresentação desta noite será no formato de um pocket show, só voz e violão. Algo que havia abandonado para tocar com banda e retomou há pouco tempo, em Coimbra. O que, observa, recuperou um clima de início de carreira, iniciada exatamente dessa forma. “Fico orgulhosa em observar que minha música acontece mesmo quando estou sozinha”, observa. Show só com violão, conta, é mais concentrado, desafiador, e o instrumento tem de fazer o papel de “banda inteira”. E cria uma atmosfera de maior proximidade com a música, até por estar em cena, basicamente, uma situação igual à da composição. “É um momento diferente da apresentação com banda, de que também gosto muito”, pondera.
Os discos 'No cimento' e 'Bem me quer mal me quer' reúnem conjunto de canções escritas entre 2003 e 2009, conta Érika. “São o resumo das minhas melhores composições. Um é mais alegre; outro, pelas circunstâncias, mais tristonho. Mas com um mesmo enfoque: letras que podiam estar no meu diário, mas como nunca tive diário, musicá-las é a forma que encontrei de guardá-las”, explica. Revendo a cena musical de BH, ela entende que os espaços se multiplicaram, há projetos bonitos e uma garotada nova chegando. Fica satisfeita em ver companheiras com estética semelhante que são respeitadas: “Fiz show com Alice Ruiz, e ficou quase vazio. Volto agora e ela é uma gigante”, observa.
Érika vê expansão no número de compositoras, mas para ela as autoras sempre marcaram presença na MPB. “O feminino está mais interessado em cantar do que compor ou tocar. Mas quem quer compor vai e faz”, afirma. Como cantora, Érika Machado esteve na trilha sonora da novela 'Malhação', da Rede Globo, e está no tema de abertura da série de animação Dango Balango, da Rede Minas/TV Cultura.
POESIA
O mestrado de Érika Machado em Portugal teve como tema a crítica de arte feita por meio de práticas que trazem poesia aos objetos do cotidiano. “O que tem diálogo com o que faço, seja em arte ou em música”, observa, contando que não faz diferença entre as duas formas de expressão. O trabalho foi inspirado no poema ‘‘Inventário de insignificâncias’’, de Manoel de Barros, que diz, entre outras coisas: “Poderoso não é aquele que descobre ouro/ é o que descobre as insignificâncias/ do mundo e nossas”.
ERIKA MACHADO
Quarta-feira e dia 30, às 19h30, no Café do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca. Informações: (31) 3222-5657.