Ainda antes da apresentação do Megadeth, metaleiros já começavam a lotar as barraquinhas no entorno do Mineirão. O clima no início da noite desta terça-feira, 15, era de aquecimento para o grande evento da noite: o show de despedida da turnê do Black Sabbath no Brasil.
Veja fotos do show de Megadeth no Mineirão
Sobre um mar de chifrinhos — símbolo universal do metal — Dave Mustaine e seu Megadeth ganharam os palcos para mostrar o melhor do thrash metal das décadas de 80 e 90. O pequeno atraso da banda, que começou a tocar por volta de 19h45, não diminui a recepção calorosa dos mineiros. Letras metálicas estampavam em telões o nome do Megadeth, que era entoado pela multidão sedenta por metal.
A banda abriu a noite com 'Hangar 18', 'Wake up the dead' e 'In my darkest hour', clássicas do metal nas décadas de 80 e 90. Agradecida, a multidão batia cabeça ao som dos pesados solos de guitarra do grupo — excelente prelúdio para uma noite dedicada ao metal que tem como ápice o retorno dos integrantes originais do Black Sabbath.
Veja fotos dos fãs que já estão no Mineirão para show do Black Sabbath
Horas antes do Megadeth abrir caminho na Esplanada do Mineirão, as tradicionais camisas pretas estampavam as imediações do estádio. Pessoas de todas as idades, amigos e familiares, reunidos por um só motivo — ver Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Geezer Butler apresentando seu som pesado sobre o palco.
O técnico de segurança do trabalho Ulisses Mateus dos Reis, de 41 anos, levou o filho Mateus Oliveira Reis, de 15, para sua estreia em shows dos veteranos do heavy metal. "Hoje estou dando uma introdução no rock n' roll para meu filho", diz Ulisses, que já assistiu Ozzy em 2011 no Mineirinho. "O Black Sabbath é uma referência no heavy metal. Não há como não ter interesse na banda, é um programa que eu não poderia perder", completa o pai roqueiro.
Ansioso, Mateus já apontava a experiência de ver o trio tocar como uma oportunidade única. "O Black Sabbath é uma das primeiras bandas a cultivar o heavy metal. O legal é que as faixas são para todos, não falam só de satanismo como as pessoas que não conhecem podem achar. Também tratam de família, amor", comenta o adolescente.
Apesar de já conhecer o repertório da noite, o jovem tem uma música especial que gostaria de escutar. "Ia ser muito legal ouvir 'Crazy', confesso". A canção favorita do fã, contudo, não consta no setlist do show, que tem início marcado para as 21h15.
A visita do trio original do Black Sabbath à capital mineira também era um programa imperdível para o grupo de amigos formado pelos músicos Robert Simoso, 32, Tiago Borba, 32, Geisa Andrade, 29, e a groupie Giselle Minardi, 34. Para estes profissionais, a estrela da noite não é o excêntrico vocalista Ozzy, mas o guitarrista Tony Iommi. "Gostar de guitarra e não conhecer o Tony é não fazer o para casa", atesta Tiago.
Geisa, que é vocalista da banda belo-horizontina Mosh, perdeu a última vinda do cantor a BH por compromissos ligados à música. "Não vi o Ozzy da última vez porque esta fazendo um show. A vantagem do show em BH ser durante a semana é que nós, músicos, também podemos prestigiar", comemora a admiradora do trio. Tiago ressalta, contudo, que as atenções da noite não se concentram apenas sobre o Sabbath. "Além deles, temos também o show do Megadeth, que sozinho já me traria ao Mineirão", afirma.
O estudante Saulo Barbosa, 20, veio de Aracaju acompanhado por quatro amigos da mesma idade. Todos verão pela primeira vez o Black Sabbath tocar nesta terça-feira. "Estamos fazendo história hoje. Talvez esta seja a última turnê da banda", observa Saulo. Um de seus companheiros de viagem, André Luiz, 20, ressalta que os artistas "são os pais do heavy metal", motivo indiscutível entre o grupo e suficiente para encarar os 1.547 quilômetros entre a capital de Sergipe e Belo Horizonte.
"A gente escuta o Sabbath desde pequenos, até que enfim temos a chance de vê-los ao vivo", diz Saulo, acompanhado de uma celebração coletiva dos amigos. "Se precisássemos, iríamos até o inferno pelo Black Sabbath", garantem todos eles.