Está chegando às lojas nova edição do disco 'A arca de Noé', criação clássica de Vinicius de Moraes (1913 –1980) com os parceiros Paulo Soledade e Toquinho, lançado em 1980. As canções ganham agora as vozes de Maria Bethânia, Seu Jorge, Péricles, Caetano Veloso, Moreno Veloso, Zeca Pagodinho, Arnaldo Antunes, Mart’nália, Erasmo Carlos, Chitãozinho & Xororó, Gal Costa, Mariana de Moraes, Ivete Sangalo e Buraka Som Sistema, Chico Buarque, Maria Luiza Jobim, Adriana Partimpim (Calcanhotto), Marisa Monte, Orquestra Imperial, Miúcha e Paulo Jobim. O disco se soma aos vários projetos ligados ao centenário do Poetinha, que será celebrado no sábado.
O produtor Dé Palmeira – que assina o trabalho com Adriana Calcanhotto e Leonardo Netto – conta que o projeto se originou no sonho antigo de Suzana de Moraes, filha do poeta e mentora da empreitada. “Ela achava que as crianças de hoje não se identificavam com a versão antiga e queria dar nova roupagem para as músicas”, explica Dé. Algumas canções ganharam ritmos diferentes. Do original ficaram arranjos do maestro Rogério Duprat (1932 – 2006), um dos pilares do tropicalismo, “para mantê-lo perto de nós”, diz Palmeira. O disco é dedicado a Duprat, a Toquinho e ao jornalista Fernando Faro, responsáveis pelo álbum original.
Organizar o projeto foi particularmente divertido, conta Dé Palmeira, pois o trio de produtores ficava imaginando e imitando quem poderia cantar cada música. “Houve casos em que os personagens escolheram as canções. Só consigo imaginar Ivete Sangalo ou Zeca Pagodinho para cantar, respectivamente, 'Galinha d’Angola' e 'O pato'”, garante. Todos os convidados aceitaram a proposta, mesmo porque, alguns deles, como Mart’nália, cresceram ouvindo aquelas canções. O repertório do novo disco foi selecionado entre as faixas dos dois volumes originais de 'A arca de Noé', priorizando letras sobre bichos.
“Num mundo tão careta, mesquinho e chato como o que estamos vivendo, precisamos da loucura, da maluquice e do jeito caótico de Vinicius para equilibrar a nossa existência”, garante Palmeira. “A arca de Noé mostra o quanto a vida pode ser mais divertida”. Para o produtor, a permanência do repertório se deve ao fato de o poeta falar para as crianças sem afetação ou trejeitos. E também porque aquelas canções têm “camadas de significados”, que podem ser ouvidas por adultos.
Latinos
Dé Palmeira diz que o mercado da música dedicada ao universo infantil ainda é mal explorado. “O importante nem é fazer canções para as crianças, mas trazê-las para o nosso lado, sentar com elas e ouvir tudo o que tem qualidade, seja Led Zeppelin, Pixinguinha ou Bryan Ferry. Elas vão ouvir do jeito delas e os adultos da maneira deles”, observa. O produtor conhece bem o público infantil, pois assinou 'Partimpim 1', '2' e 3, de Adriana Calcanhotto (ou Adriana Partimpim, nome usado nos trabalhos para crianças).
No momento, entre outros projetos, Dé, ex-Barão Vermelho, está envolvido com o primeiro disco da banda Panamericana, formada por Dado Villa-Lobos (ex-Legião Urbana), Charles Gavin (ex-Titãs) e Toni Platão (Hojerizah). O projeto tem versões em português de temas do rock latino dos anos 1980 (Fito Paez e Charly García, entre outros), chegando a produções mais recentes. “Há excelentes surpresas”, avisa, contando que se trata de repertório pouco conhecido devido à falta de integração entre as culturas dos países do cone sul.
SAIBA MAIS
O disco 'A arca de Noé 1' foi lançado em 1980, três meses depois da morte de Vinicius de Moraes. Foi criado a partir de livro de poemas feito para Suzana e Pedro Moraes, filhos do poeta, lançado em 1950. A versão brasileira veio depois do álbum lançado em italiano (L’Arca – Canzone per bambini), de 1972. A produção brasileira reuniu nomes ilustres: o artista gráfico Elifas Andreato, Rogério Duprat – maestro ligado a movimentos de vanguarda – e cantores importantes da MPB, como Chico Buarque, Milton Nascimento e Elis Regina, além de sensações do momento, como As Frenéticas. Além dos temas musicados por Paulo Soledade, novas canções da parceria com Toquinho entraram no disco. 'A arca de Noé 2' saiu em 1981.
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Organizar o projeto foi particularmente divertido, conta Dé Palmeira, pois o trio de produtores ficava imaginando e imitando quem poderia cantar cada música. “Houve casos em que os personagens escolheram as canções. Só consigo imaginar Ivete Sangalo ou Zeca Pagodinho para cantar, respectivamente, 'Galinha d’Angola' e 'O pato'”, garante. Todos os convidados aceitaram a proposta, mesmo porque, alguns deles, como Mart’nália, cresceram ouvindo aquelas canções. O repertório do novo disco foi selecionado entre as faixas dos dois volumes originais de 'A arca de Noé', priorizando letras sobre bichos.
“Num mundo tão careta, mesquinho e chato como o que estamos vivendo, precisamos da loucura, da maluquice e do jeito caótico de Vinicius para equilibrar a nossa existência”, garante Palmeira. “A arca de Noé mostra o quanto a vida pode ser mais divertida”. Para o produtor, a permanência do repertório se deve ao fato de o poeta falar para as crianças sem afetação ou trejeitos. E também porque aquelas canções têm “camadas de significados”, que podem ser ouvidas por adultos.
Latinos
Dé Palmeira diz que o mercado da música dedicada ao universo infantil ainda é mal explorado. “O importante nem é fazer canções para as crianças, mas trazê-las para o nosso lado, sentar com elas e ouvir tudo o que tem qualidade, seja Led Zeppelin, Pixinguinha ou Bryan Ferry. Elas vão ouvir do jeito delas e os adultos da maneira deles”, observa. O produtor conhece bem o público infantil, pois assinou 'Partimpim 1', '2' e 3, de Adriana Calcanhotto (ou Adriana Partimpim, nome usado nos trabalhos para crianças).
No momento, entre outros projetos, Dé, ex-Barão Vermelho, está envolvido com o primeiro disco da banda Panamericana, formada por Dado Villa-Lobos (ex-Legião Urbana), Charles Gavin (ex-Titãs) e Toni Platão (Hojerizah). O projeto tem versões em português de temas do rock latino dos anos 1980 (Fito Paez e Charly García, entre outros), chegando a produções mais recentes. “Há excelentes surpresas”, avisa, contando que se trata de repertório pouco conhecido devido à falta de integração entre as culturas dos países do cone sul.
SAIBA MAIS
O disco 'A arca de Noé 1' foi lançado em 1980, três meses depois da morte de Vinicius de Moraes. Foi criado a partir de livro de poemas feito para Suzana e Pedro Moraes, filhos do poeta, lançado em 1950. A versão brasileira veio depois do álbum lançado em italiano (L’Arca – Canzone per bambini), de 1972. A produção brasileira reuniu nomes ilustres: o artista gráfico Elifas Andreato, Rogério Duprat – maestro ligado a movimentos de vanguarda – e cantores importantes da MPB, como Chico Buarque, Milton Nascimento e Elis Regina, além de sensações do momento, como As Frenéticas. Além dos temas musicados por Paulo Soledade, novas canções da parceria com Toquinho entraram no disco. 'A arca de Noé 2' saiu em 1981.