Veteranos emboladores, os pernambucanos da dupla Cajú & Castanha abriram mão de gravar suas próprias composições para interpretar exclusivamente canções do violeiro mineiro Téo Azevedo em seu novo disco, Cajú & Castanha cantam as músicas e emboladas de Téo Azevedo. São 13 faixas cujas letras equilibram temas como crítica do cotidiano, humor e regionalismos – segundo os artistas, elementos perfeitos para manter o tom do trabalho que os caracteriza desde os anos 1980.
O projeto foi idealizado pelo próprio Téo, que selecionou o repertório e montou a banda com a qual Cajú & Castanha gravaram. “Achamos o resultado muito legal, pois a sonoridade foi puxada mais para o lado do forró, que é diferente da nossa”, afirma Cajú. Algumas faixas, como Comparação e Cacete armado, já haviam sido incluídas em trabalhos anteriores da dupla. O registro foi feito este ano no Estúdio RC Master, em São Paulo (SP).
Excepcionalmente, os dois não fizeram improvisos nesse disco, embora tenham cantado à maneira da embolada tradicional. Limitaram-se a mudar uma ou outra palavra no momento da gravação, quando achavam necessário. “A gente não grava música de duplo sentido, mas música engraçada. Aliás, é um duplo sentido que não fere as pessoas. A gente fala muito de corno, por exemplo, mas de um jeito que não ofende. Esse é o limite”, tenta explicar Cajú.
A propósito, é importante que eles saibam medir bem as palavras, pois o público infantil está cada vez mais no alvo da dupla. Cientes da quantidade expressiva de crianças que comparece aos seus shows e ouve seus discos, eles planejam lançar até o carnaval do ano que vem o disco Emboladinha, composto por canções tradicionalmente relacionadas ao público infantil e rearranjadas na dinâmica nordestina de voz e pandeiro que eles conhecem bem.
MÃO NO COURO
Segundo o blog que faz papel de página oficial da dupla, os dois começaram a tocar embolada em pandeiros improvisados em latas de marmelada. Hoje, sofisticaram o ofício com três variações do instrumento: uma para estúdio (de couro, com som mais seco e som das platinelas mais evidente), outra para shows (náilon com madeira, com sonoridade mais estridente, que chega a dispensar microfone próprio) e uma terceira para ensaios (toda de náilon, possibilitando afinações grave e aguda muito distintas).